terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Todo dia é dia de Natal

Eu e um de meus irmãos no Natal de 13/11/2007
Eu vi uma flor desabrochar.
Eu vi uma criança sorrir.
Eu vi um cego enxergar.
Era dia de Natal.

O sol nasceu.
Filho e pai se abraçaram.
Ela voltou de viagem para o país que sempre amou.
Era dia de Natal.

A fome, acabou.
O dinheiro, foi suficiente pra pagar as contas.
A dor, foi tomada pela felicidade.
Era dia de Natal.

A artista sobreviveu de sua arte.
Ele pegou sua mochila e começou a andar.
Ela formou-se no que sempre quis.
Era dia de Natal.



Aquele foi um dia de natal, mas não era dia 25 e nem Dezembro.
É que naquele dia Deus nasceu, como nasce e morre diariamente!
E foi hoje, em um dia de Natal que meu Deus renasceu para mostrar que maior que a hipocrisia dos que só se abraçam no dia 25 de Dezembro é a crueldade dos que crucificam Natais fora de época.

Um bom Natal para você! Hoje, amanhã, depois de amanhã, depois de depois de amanhã, depois de depois de depois de amanhã...

Foto do Natal do dia 27/07/2007


segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Nunca é para sempre!

Atente-se: o nunca é para sempre.
Pense duas vezes antes de um nunca mais, pois tão pesado quanto o apego do pra sempre é estar preso nas grades do nunca.
Talvez, nem nunca mais, nem pra sempre.
O hoje deveria bastar!
E aquilo que te basta seria ao mesmo tempo para sempre e nunca mais.
Então, viver o hoje para sempre e nunca mais seria simples, seria o bastante para que nada tivesse de ser explicado ou prometido, afinal ontem já passou e amanhã pode ser tarde demais!

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Tinha uma mão na minha boca!

Eu sentia nojo do homem que me tocava em minha   própria cama, mas não podia falar. Eu estava gritando em protesto, mas me calei de susto com o grito mais alto de uma bomba. Eu era ansiosa e nunca soube o que fazer, mas decidi encontrar um bom serviço e começar a beber.Eu tinha fome de viver, mas a hora de almoço estava quase acabando e precisava voltar a trabalhar.









Tirei a mão de minha boca calada e ela começou a escrever.


E se eu tivesse sido vítima de abuso sexual? E se este fosse um grito meu?
Talvez seja fácil pra mim falar sobre esse assunto por não ter acontecido comigo.
Deixo aqui o meu apelo para que a nudez e a sexualidade se tornem assuntos mais naturais de forma que atentemos nossos olhos e estendamos nossas mãos, mas para acolher e não continuar calando.


terça-feira, 17 de dezembro de 2013

O meu sobrinho Daniel

- Pá lá!
- Dani, vem com a titia...
- PÁ LÁ, PÁ LÁ!

Ele manda o que quiser pra lá se a brincadeira está mais legal que a companhia que alguém vem lhe ofertar. E enquanto as tias da escola pensam que ele quer ir pra lado de lá ele aprende a afastar o que não agrada e simplesmente manda pastar.

Então, ele aprende a ser sincero na ingenuidade de uma criança tendo de crescer, já a gente desaprende crescendo atrás de uma boa educação.Ser educado virou o grande erro da comunicação. Estamos transformando "pra lá" em "se você quiser", "tudo bem, não me importa", "não vai me atrapalhar" e até "eu amo você"!

Mal educado é quem perde a clareza em troca de uma imagem bem arrumada. Certo é meu sobrinho que não faz rodeios quando está incomodado e respeita o próprio espaço, errados estamos nós que de tantos rodeios nos nossos próprios espaços passamos a nos sentirmos incomodados.

É, Daniel, titia tem muito a aprender.

domingo, 15 de dezembro de 2013

Noite quente!

- Chega pra cá!
Ele puxa ela pela cintura.
- Como você aguenta? Me dá agonia, tá calor demais...
Ela rola para o outro lado com o lençol entre as pernas.
- Vem pertinho, pra gente ficar abraçadinho.
Ele empurra o pouco lençol que cobria as pernas com o pé.
- Nunca vi homem friorento desse jeito. Se cobre!
Ela coloca o lençol sobre ele.
 -Meu arrepio nunca foi de frio.
Cama sem lençol, calor demais, dois corpos arrepiados e uma boa noite.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Me acompanha?

Veja bem, acompanhar alguém não depende só de um.Ando muito bem sozinha, sei que não preciso de você, mas te acompanhar seria muito mais do que uma necessidade, até por que, no fundo precisamos de pouco, quase nada.
Na humildade da minha sola de pé calejada de tanto andar, peço-lhe mais uma vez, me acompanha?
Pois eu quero te acompanhar, companhia sozinha é solitude mas solitude acompanhada vira solidão.
Adoraria estar ao seu lado eternamente, mas saiba que corro no primeiro segundo de solidão, não deixe que eu me sinta só se decidir andar comigo, pois a solidão não cabe no espaço de duas mãos casadas.
Meu querer estar com alguém é vontade tão passageira que se pensar muito em me responder já me ponho a caminhar sem muito pensar.
Entenda, me apaixono fácil só que mais fácil ainda ponho-me a me desapaixonar, pois a plenitude de ser completo sendo só só é vencida pelo amor que toma lugar de qualquer querer.
Me acompanha! Mas faça-o quando não houver mais querer, me acompanha por que já não existe mais outra opção, me acompanha quando tudo que pudera viver só já foi vivido, me acompanha por que agora é tempo de dividir os passos, caminhos, amassos e abraços.
Então acompanhar não será coisa que farei sozinha,
acompanhar será metade sua e metade minha.


quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Janela

- Acorda, acorda!

Nada.

- Eiiiiii! Acorda...
- O que foi?
- Acorda!
- Não são nem 4 da manhã...
- Não. Já são quase quatro da manhã!
- O dia nem raiou e...
- E a noite já acabou!
- Olha, você vai me deixar louco se...
- Se?
- Se...
- Sobe no telhado comigo?

Ele bufou e se virou de lado.
Ela vestiu-se e subiu no telhado.
Ele acordou e até hoje sente pela falta dela.
Ela nunca mais aceitou ver o sol nascer pela janela.



quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

É muito substantivo adjetivado para pouco verbo conjugado!

Gente que fala de amor perfeito sem amar a si mesmo.
Gente que quer colher a paz mundial sem antes semear a paz na própria casa.
Gente que clama gentileza diária sem ser gentil ao menos por um dia.

Acontece que nossas exigências passaram de verbo pra substantivo e foram adjetivadas com o peso de um julgamento desleal. Vejo muita gente acomodada perdendo mais tempo pensando no que os outros entenderão das palavras ditas do que com o real significado das palavras que diz. Viver virou um jogo ridículo do "o que vão pensar", de substantivo próprio, você vira substantivo comum e se torna só mais um aberto a adjetivos impostos pela 3ª pessoa. Se quer verbalizar aos quatro ventos, tudo bem, mas tente experimentar o verbo antes de afirmar o valor que tem. Honra o próprio nome e transforma em verbos os substantivos que te apetecem antes de adjetiva-los: ame, semeie, seja e só daí entenderá que verbalizar é conjugar o que não se deve julgar.

Por que no final, amem ou amém, só depende se para o sujeito da frase o acento convém!

Amem,
Rafaela Rocha.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Tudo, é só o que quero!

Não quero um abraço, quero um abraço de longos minutos.
Não quero um beijo, quero me perder no infinito dos teus lábios.
Não quero amar, quero amar todo segundo.
Não quero ser feliz, quero esquecer que existe qualquer coisa que feliz não seja.
Não quero querer, quero aprender na simplicidade do ser.

Vou ser toda para que tudo eu consiga ser que ser metade do que posso ser só me faz querer.
Pois o desejo de quem não é inteiro acaba antes de ser realizado! Vou ser tudo, toda e tanto, para meu desejo não morrer, lembrando de comemorar cada desejo realizado na plenitude do meu ser.
Vou comemorar com um abraço e um beijo, cheia de amor e felicidade.
Porque se tudo é só o que quero, preciso desaprender a querer!



segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

É que me dá muito tesão!

E tá na minha cara. Eu já não consigo esconder.
E poderia ser meu pior defeito se não fosse minha maior qualidade!

É um fogo forte, uma vontade de dar.
Esse tesão é dono dos sorrisos que distribuo gratuitamente pelas ruas em plena segunda-feira.
Antes de sair me visto com as roupas apropriadas para que esse tesão fique bem claro.
Quando te deito e deslizo minhas mãos pelo teu corpo, não nego meu tesão.
Assim como quando encosto meu rosto no seu e não desgrudo até nossos corpos inteiros suarem.

É que eu danço até meu corpo derreter apaixonado pela arte de se deixar guiar pelo desconhecido.
Com as minhas mãos de terapeuta, faço mantras para que teu corpo encontre a auto cura.
Vestida sempre de branco ou de saia rodada que é para o mundo girar.
Sorrindo pelo tesão de cada encontro de segundos com todos os tão estranhos como eu.
É um fogo de amor, de me dar sem nada ter.

E tá na minha cara. Eu já não consigo esconder.
Eu poderia desistir da minha ingenuidade, mas dai, falar de amor não teria validade!


quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Eu perdi o meu medo do escuro...


Quando temos medo de escuro até a sombra da árvore em que descansamos de dia pode nos afastar dos sonhos mais belos. Resolvi manter meus olhos abertos fechados para aquilo que a mim não pertencia, então pude ver a árvore e sua sombra mesmo no escuro. Adormeci na paz de quem vê luz na escuridão vazia que carrega dentro de si!

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Querido Amigo Veado

Hoje me lembrei de você! Abri os olhos e acordei para a realidade em que vivia.
Percebi que após anos e anos ao seu lado nunca deixei claro tamanho amor, gratidão e admiração que tenho por você. É fácil ser "grande mamífero" enquanto vocês são caçados.

"Predados pela maioria dos grandes mamíferos, muitas espécies de veados se encontram ameaçados de extinção, em razão de caça e perda de hábitats."

Pois é querido amigo, só hoje me dei conta de como deve ser ruim ser perseguido em seu próprio hábitat. Talvez não seja a mesma coisa, mas saiba que tem casa certa em meu peito e teu lugar tá reservado se qualquer dia se sentir perseguido, aqui terá abrigo.

Ainda não entendi o que motiva essa perseguição desnecessária!

"Em termos de comportamento social e reprodução, podemos dizer que os veados são dóceis e sociáveis."

Será inveja da forma doce como leva a sua vida e encanta os outros com teu coração enorme? Ou de sua galhada que mesmo sem intenção rouba a atenção das fêmeas que passam por ti?

"A função destas estruturas está ligada a competição pelas fêmeas durante a época de reprodução, quando machos rivais medem forças empurrando-se com as galhadas."

Se é por isso ou não, pouco me importa! Sei bem que se você chegar a ponto de entrar em uma briga não será por uma dama mas sim para defender o direito de ter uma galhada forte e bela e apaixonar-se por quem pode te amar.

Querido e amado amigo, se um dia te chamarem de Viado, corrija, és Veado com E.
Amigo Veado, saiba que sou fã de tua coragem e agradeço a confiança de ter aceitado a cópia da chave daquela casa que construiu em meu coração. Sua beleza dos meus olhos ninguém tira e lutarei mesmo com meus chifres curtos para que tenha o respeito que merece posto que és livre para cruzar com quem quiser.

Sua amiga,
Vaca Profana.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

A poesia do teu corpo

Devorei-te com os olhos. Li feito livro que não terminamos para que a história não tenha fim!Teu corpo era caderno de caligrafia com frases em linhas pontilhados que minhas mãos não cansavam de seguir os traços. Corpo poesia com licença poética para ignorar a concordância e fazer música das palavras. Fiz casa nas páginas de tuas palavras cruas que me beijavam nua parar rimar os nossos corpos! Tua boca trazia a vírgula, a respiração as reticências e em tuas mãos cabia um ponto final.





(Espaço em branco. Lençóis se enrolam, próxima página.)

Capítulo II
Esse é o segundo capítulo de uma poesia sem fim de você escrevendo dentro de mim!


A Rainha da Pista

Nenhuma garrafa de champanhe,
nenhuma mulher bonita,
nenhuma foto com filtro para o instagram.
Naquele camarote vi crianças desnutridas,
mulheres estupradas,
retratos sem filtro da desigualdade.

Sai de balada e fui para a rua, fiz do mundo pista uma pista reta: toda bebida é dividida e todos usam a mesma roupa, maquiagem não precisa, a iluminação é natural, as fotografias mais bonitas ficam gravadas nas mentes dos que clicaram sorrisos sinceros de uma festa sem padrão.
Nessa balada todo mundo dança. Os que vieram de Ferrari e os que fizeram o Fusca velho funcionar, juntos dançavam e faziam a esperança flutuar!

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Vaca de divinas tetas, eu sou, mulher!

Derramo o leite bom na tua cara e o leite mau na cara dos caretas.
Por caretas, sou julgada, pelos seres livres, contemplada!

Vaca de tetas que alimentam, vaca de tetas torturadas pela gula dos capetas.

De olhos silenciosos e profundos e do mugido alto e agudo
Por caretas, sou comida,  pelos seres livres, amada!
Vaca de tetas que balançam, vaca  de tetas que dançam sozinhas nas mãos dos "puretas".

Sou vaca, sagrada e profana.
Sou vaca, que não dá, distribui de tão generosa. Sou vaca que anda em bando sem boi certo. Sou vaca gorda quando querem tirar proveito, sou vaca louca quando não me come bem.

Sou vaca, sagrada e profana.
Sou vaca, que não cansa, dá leite mesmo de teta estourada. Sou vaca que anda em bando mesmo sem boi certo. Sou vaquinha para que as pessoas se unam, sou mulher vaca quando me comem bem.

Bem mais que mãe, amiga, companheira: sou eu, vaca  de divinas tetas!

E nem que eu tussa todos os bois entenderão que somos nós que carregamos tetas que alimentam o gado todo. Não sou carne, mas também sou animal. Respeito muito as minhas lágrimas mas mais ainda a minha risada. Respeite, não são só os bois que carregam chifres. Inscrevo assim minhas palavras, na voz de uma mulher sagrada.





domingo, 27 de outubro de 2013

O meu Blues amarelou!

Amou com tanta vontade, mordeu com tanto desejo, apertou com tanto tesão que tudo ficou vermelho. E num domingo de tédio, eu só pensava em pintar tudo que era blues. Deve ter sido o amarelo do vestido dela, meu blues agora era verde esperança de que ela não parasse de dançar mesmo se o disco acabasse.Deitamos e rolamos, cantamos alto e rimos de nossos umbigos. O dia nascia laranja e coloria todo o quarto. Foi o vermelho no ar refletindo no amarelo do vestido dela. E na manhã de uma segunda tudo que era blues de acabou.


terça-feira, 15 de outubro de 2013

O peso de meu peito

Meu pequeno peito é escudo duro para proteger-me do perigo.
Os peitos dessa senhorinha já estão caídos, mas eu não ousaria dizer que foi a gravidade que veio com a idade, acho que foram as saudades de quem já lutou demais e assistiu de camarote a morte de seus companheiros de luta.
Seus peitos longos e pesados vão muito além da física. A gravidade disso está naquele que não pensar por onde esses peitos passaram antes de chegar onde chegaram! Pelo primeiro sutiã, pelas mãos de seu namorado, do próximo, de mais um e então nas mãos do pai de seus filhos. Peitos que deram leite, peitos que alimentaram a boca de seus filhos. Peito escudo, peito colo.
Em meu pequeno peito, hoje a dona desses peitos pesados descansou. Sem saber onde estavam aqueles que por seus peitos pesaram, ela chorou. Então, meu peito pesou. Talvez ele já pesasse há algum tempo, mas hoje a gravidade pesou.
Meu pequeno peito agora é colo quente para os desamparados. 
Meu escudo caiu, antes achava que o peito de nós mulheres pesava pelo peso do escudo que acreditamos nos proteger, mas percebi que aquela mulher não carregava um escudo há anos, ela só sabia amar e por amor lutava e aprendeu a se defender. Quando olhei bem, reparei, o vão entre seus peitos pesados era duro como o escudo pesado que eu carregava, mas não era metal nem nada, era o calo de um colo que a todos acolhia. Se o peito de uma mulher pesa, hoje eu aprendi, só pode ser pesar de muito amar.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Prosa ou poesia?

Ele me perguntou querendo saber um pouco mais sobre mim. Respondi e ele sorriu como quem já soubesse a resposta. Prosa. Então ele me perguntou o que eu sentiria se fosse Eva no momento da expulsão do Paraíso, eu disse que eu me sentiria conformada e uma cara de espanto tomou o lugar do sorriso da resposta anterior. "Não sentiria nenhuma culpa?", não, eu não sentiria, "Mas mesmo sabendo que sairia do paraíso para vir para a Terra que é um grande abacaxi?", eu sabia o que podia acontecer e fiz uma escolha, era um fruto proibido, certo? Nada mais justo do que arcar com as consequências dos meus atos, "Mas e o Adão?", Tem o Adão! Bom... Coitadinho, é. Mas culpa... Não! Na verdade, ele também tinha o poder de escolha. Isso, sem culpa nenhuma! Daí, o sorriso voltou na face daquele doce velhinho, não sei se de culpa ou se conformado com a minha resposta ou por estar inconformado pela culpa que nunca existiu. No final, se ficou claro ou não para ele, meu mundo se esclareceu, escrever pra mim é isso: uma terra amanhado de prosa, onde o pecado e o divido andam de mãos dadas e pés descalços, para que um dia floresça poesia!

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Cadarço

Hoje eu poderia ter simplesmente amarrado o tênis, mas não. Pouco antes do meu horário rotineiro, tomei um banho e coloquei minhas roupas. Peguei o tênis, um tênis todo colorido do cadarço mordido pelo meu gato Chico. Ao fazer o laço no cadarço com tanta facilidade, lembrei imediatamente de quando eu comemorava a cada laço feito. Houve uma época na minha vida em que ter de amarrar sozinha o meu próprio tênis era um evento especial onde eu tinha o enorme prazer de mostrar o quão satisfeita eu ficava por ter aprendido algo novo. Com um dos pés calçados, coloquei o outro par com mais calma, mais cuidado e dedicação. Já sei andar com meus próprios pés, trabalho, faço o meu mercado e tenho até conta no banco, mas vez ou outra me esqueço dessas pequenas conquistas em minha vida. Ao amarrar meu tênis hoje, senti falta daquele tempo em que eu fazia laços com mais ternura. Hoje, fui trabalhar com um sorriso no rosto e um belo laço no meu pé direito!

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Atrasada

Cale-se! Cale sua boca cheias de dentes que meus ouvidinhos nunca serviram de penico.É bom silenciar por que de barulhento já basta o olhar de infelicidade que a frustração de quem perde tempo costuma carregar. É um fala daqui, diz de lá, que quando o falador percebe a festa acabou e ele nem se movimentou pra poder chegar. Não, não. Eu não tô brava, tô é ganhando tempo para conseguir chegar! Foi depois que fiquei quieta que percebi o quanto me adianto dos que costumam falar. Blá, blá, blá, tomei o banho, blá, blá, blá, chaves na bolsa, blá, blá, blá, apaguei a luz, blá, blá, blá, fechei a porta e ainda escuto o mesmo blá, blá, blá. Então, sigo meu caminho, vou pianinho, pra ninguém vir me atrasar, tem gente que quando te vê chegando, te chama de volta só pra te aporrinhar. Mas eu nem olho mais pra trás, mesmo atrasada, me ponho a caminhar. Certa vez ouvi: aquele que não vai, nem atrasado consegue chegar. Beijos, para de me escutar que é pra eu não te atrasar, com minhas palavras o tempo passou, vá se arrumar, o tempo não atrasa pra nos esperar, se apressa, lá nos falamo, ainda não te contei mas quem chega lá um dia tem a honra de poder falar!


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Feliz aniversário!

Muitas felicidades, muitos anos de vida. Parabéns para você!
E não importa que dia é hoje, hoje também é teu aniversário, não se deixe enganar, ninguém pode te tirar o direito de comemorar, afinal aniversário nada mais é do que a comemoração anual de uma vitória, de um nascimento. Só não renasce diariamente quem já morreu faz tempo.
Dance, esteja entre seus queridos, coloque uma roupa de gala, cante sorria, hoje é seu dia e amanhã também será. Comemore os aniversários de teu primeiro beijo, os aniversários do machucado que superou sem ter de chorar ou do dia em que reconheceu o melhor amigo de infância, talvez aniversário do casamento do teus pés com as meias confortáveis que os esquentam nas noites frias, também pode ter aniversário do dia em que perdeu um medo que só lhe empacava a vida. Mais uma vez: comemore! Caso lhe falhe a memória e não tenha em mente qual dos teus aniversários comemora nessa data querida, sorria e então marque o dia, é o nascimento da data em que se celebra a vida mesmo quando não se tem o que comemorar. E quando passar um ano, comemore, pois até sem motivos, viver já é o suficiente para celebrar!


terça-feira, 17 de setembro de 2013

O dinheiro?

Não se pode comprar alegria, não se pode comprar o sol, nem a lua, nem a paz, nem a vida. As coisas mais sagradas que podemos presenciar são de graça.
Sorrir é o direito de todos, todas as nações, todas as raças, todas as classes sociais. Sorrir é posse universal que explicita o quão todos somos um todo e essa coisa de nações, raças e classes sociais vira um singular. Não queira se enquadrar em qualquer valor que te fizeram acreditar. Simplesmente sorria, pague com a moeda de aceitação mundial nas transações de valor inestimável que nunca ninguém cobrará ou será obrigado a pagar. Largue mão de ter, simplesmente sinta tudo a seu favor, se doar é eterno receber. E todo o dinheiro que você guardou, pode rasgar: o tempo nunca foi dinheiro e nem será, o tempo só é a favor de quem entende a importância de amar!  

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Vem dançar!

Dançando no compasso das bombas que explodem lá fora, ignorando o tic tac do relógio para bailar mais devagar toda vez que vejo alguém a me observar, só pra ver se animo esse baile da realidade onde ninguém mais consegue dançar. E cada explosão é uma marcação espontânea que faz da minha dança esperança pra quem não tem mais onde correr. Vejo carros, vacas e estrelas flutuando pelo ar, então eu danço, danço pois o show deve continuar. Em meio a fumaça que toda explosão causa, meus pulmões cansados clamam para poder parar, mas eu danço, danço mesmo se a cortina de pó fechar o palco do espetáculo raro que a desgraça pode criar. Danço, danço, mesmo se me canso me ponho a dançar. É nessa eterna dança que tenho esperança que você volte a bailar. Sei que a vida é dura e que as coisas são delicadas, mas sinto que tudo pode ser mais doce e que é da delicadeza que a fortaleza florescerá. Então, você, a me observar, levanta, vem comigo, vem dançar!

sábado, 14 de setembro de 2013

Passa, passou, passará!

Sugiro que aproveite o que passou para valorizar o que passa pois já passará.Não tema a repetição, não tema a perda, não tema a insegurança.
No final, só se repetem aqueles que temem, nada se perde posto que nada se tem, nada é seguro posto que tudo é impermanente e se modifica a cada milésimo de segundo.

Pois eu já não sou mais a mesma, estou completa demais me preenchendo do que passa antes de passar. Mesmo se tudo se repetir, se só ganhar aprendendo a perder, se sentir-se seguro apenas na instabilidade de tudo. Aproveite o que passa para valorizar o que passará pois já passou!





sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Vim falar de amor...

Antes de tudo, preciso saber como você está, como tem passado, dai passarei a falar de amor.
Antes de tudo, deverei calar-me e escutar tudo o que tem a dizer com atenção.

E quando os meus problemas evaporarem e o amor for o principal, começarei a falar.

Falarei de como existe beleza em tudo, de como tudo tem um sentido, de como ser feliz é uma escolha muito mais possível do que imaginamos.

Antes de começar a falar, devo enxergar a beleza e aceitar o sentido que tudo tem mesmo sem uma compreensão racional.
Antes de começar a falar, devo escolher a felicidade ao invés de imagina-la nos momentos em que esquecer das escolhas que fiz.

É que eu tava precisando que me perguntassem como eu estou, como tenho passado, dai passarei a falar de amor.
É que eu tava precisando que se calassem e escutassem com atenção o que tenho pra dizer.

E quando os meus problemas evaporarem e o amor for o principal, começarei a falar.

Falarei de como o mundo é belo, de como consigo acreditar no sentido para tudo, de como ter escolhido ser feliz foi muito mais possível do que eu imaginava.

Transforma-se, então, o amador na coisa amada. É o amor, plural no singular, sentido sem razão, sujeito simples composto.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Deixa, deixa, deixa...

Não pode viajar?
Deixa, deixa...
Não pode abraçar a namorada?
Deixa, deixa...
Não pode tirar uma soneca a tarde?
Deixa, deixa...
Não pode ver o tempo passar sem saber quanto tempo está passando?
Deixa, deixa...
Não pode mais cuspir, peidar ou arrotar?
Deixa, deixa...

Deixa tudo que quer fazer e já não pode pra lá, afinal, se pra você o mundo resolver acabar, será apenas mais uma vida que se deixou levar. Parei de levar a vida a sério e resolvi ironizar. Viver pouco é bobagem e se ontem eu podia pouco hoje eu vou exagerar. O amanhã? É ele que vou deixar pra lá. Deixa?


sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Vá cagar no mato!

Minha avó sempre me mandou cagar no mato, hoje eu entendo.

"Especialistas apontam que a posição de cócoras é mais natural e pode ajudar a evitar doenças do cólon, constipação, hemorróidas, problemas do assoalho pélvico e doenças similares."

(http://manualdohomemmoderno.com.br/tecnologia/a-sociedade-ocidental-faz-coco-da-forma-errada-conheca-a-forma-correta)


É válido acrescentar que cagar de cócoras tem sido o principal meio de tratamento e/ou prevenção de muitos médicos conceituados.

Hoje eu vou lutar pela naturalidade de cagar no mato, de dobrar algumas articulações, agachar, mudar seu ponto de equilíbrio e liberar o que já não lhe ajuda mais.

Simples, né?

A naturalidade de ser verdadeiro em um momento em que o amor predomina, a naturalidade de sorrir quando se está contente, a naturalidade de andar pelado quando está calor, a naturalidade de cantar quando se lembra de uma música, a naturalidade de visitar se tem saudades, a naturalidade de segurar na mão de alguém quando se está acompanhado, a naturalidade de tirar os sapatos para molhar o pé no rio, a naturalidade de perder uma estação quando se está lendo um bom livro, a naturalidade de mexer o corpo quando um bom ritmo alcança teu ouvido... Essas e muitas outras são outras naturalidades.

Hoje eu quero ver Black Blocs quebrando porcelana!

Quem sabe assim o riso de contentamento substitua o nosso medo tolo de amar.
Quem sabe assim cantemos pelados ou seguraremos nossas mãos para matar a saudade mais de perto.
Quem sabe assim leremos livros sem perder as estações mas molhando nossos pés na água de um rio.
Quem sabe assim todos os barulhos que nos irritem hoje se tornem motivo para dançar.

O que era ferramenta de civilizar a nação agora é motivo de revolução, pois na rebeldia que estou depois de tal despertar de consciência, eu teria forças para escrever em todos os vasos sanitários que de agora em diante cagarei de cócoras: "Até quando irá negar a sua natureza?".

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Veracidade

- Tenho que ir embora!
- Como você é chato.
- Você quer fazer alguma coisa?
- Vamos lá comigo?
- Fazer o que lá?
- Ver a cidade.
- Tudo bem, dá tempo, só não posso demorar.

Então, após estar comprovada a veracidade dos fatos, como um e um são dois, ele partiu. A verdade é que tempo sempre há quando você se dá ao tempo. Cansada de o tempo esperar ela caminhou sozinha no tempo que criou, foi em seu próprio tempo que pode notar alguém que estava sentado observando a cidade de um outro ponto de vista. O mundo girava mais lento, o frio tornou-se quente e o sorriso que estava louco para ser, foi em tempo certo. Sem que uma palavra fosse dita, os dois enxergavam de um mesmo ponto de vista, o tempo parou e a verdade dos fatos com o tempo mudou, já não dava mais tempo mas o tempo havia para ver a cidade.


sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Embriagada

Eu ia me embriagar, mas decidi raspar careca.
Eu ia me embriagar, mas estava forte demais pra isso.
Eu ia me embriagar, mas não tinha ninguém pra olhar.
Eu ia me embriagar, mas decidi dançar.
Eu ia me embriagar, mas achei melhor praticar yoga.
Eu ia me embriagar, mas resolvi me pintar de tinta.
Eu ia me embriagar, mas eu não estava podendo cair.
Eu ia me embriagar, mas eu queria enxergar.
Eu ia me embriagar, mas antes tinha muita gente olhando.
Eu ia me embriagar, mas já não estava mais tão forte assim.
Eu ia me embriagar, mas resolvi me apaixonar.
Eu ia me embriagar, mas provavelmente não faria sentido.


Certa vez, me embriaguei de pinga. Depois de uma ressaca brava, me abraçaram, percebi que o que sempre quis foi me embriagar de vida.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

O farol abriu

acelerei mas o carro estava em ponto morto.
O farol permaneceu aberto e eu ali, em ponto morto tentando acelerar.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Salve-se quem puder!

Longe de casa, pela primeira vez eu sentia o sol esquentando minha cabeça. Segui em uma trilha com árvores antigas, caminhos nem tão caminhos assim, algum lixo mostrando que eu não era a primeira a passar por ali. Caminhei, caminhei, caminhei. Tirei meu calçado e descalça molhei o pé naquela água sem cheiro, sem cor, sem gosto e tão gostosa. Matei a sede da vida inteira. E nua me banhei!
Com a mesma força com que a água caia na minha cabeça o meu coração quebrava aos murros os muros que o impossível constrói naqueles que se esqueceram que no mato tudo pode, até nadar pelado e ficar com o pé sujo. Limpa, sem me ensaboar, coberta, sem me cobrir de roupas, dizendo o que penso, sem ter de falar uma palavra.

No caminho de volta, já perto do concreto, tratores trabalhavam para construir um rodoanel que nos fará consumir mais sabonetes,  comprar roupas que nos dê personalidade e nos ensinará a falar para gritar com o primeiro que cortar o nosso carro que por ali irá passar.

Já mais perto de casa, li que só o amor salvará o mundo e em seguida ouvi perguntarem quem foi que disse que ele precisa de salvação? Sinceramente, estou careca de saber que o mundo não tem mais salvação, mas optar pelo amor ainda é a minha opção.


quinta-feira, 15 de agosto de 2013

O dia em que a caverna foi invadida

- Tem alguém ai?
- ...
- Eeeeeeeeeeiiiiiiiiiii! Tem alguém ai?
- ...
- Eu tenho água, posso ajudar! Consigo ver essa luz... Também vejo um grande vazio!
- Tá maluco?
- Sabia que tinha alguém...
- Eu tenho fogo.
- Eu tenho água.
- Eu tenho uma faca de ferro também! Herdei do meu pai.
- Eu só tenho fogo e fumaça. Na vida que levo, aprendi a não comer com faca.
- O que foi isso?
- Isso o que?
- Sentiu a terra tremer?
- Tá passando mal?
- Não sentiu?
- Não! Vem, agora que entrou, senta nessa pedra, toma sua água e fica perto do meu fogo. Tá frio.
- Tá mesmo. Tá sozinha por que?
- Pelo mesmo motivo que você.
- Impossível. Você nem me conhece pra saber.
- E nem você a mim pra dizer que é impossível. E agora?
- Tá certo, tá certo. Aqui vai água, fogo, ferro, pedra, fumaça, você e eu sentindo a terra tremer. Não faz sentido nenhum eu querer achar um sentido possível.
- Viu? Estávamos sozinhos pelo mesmo motivo que não estamos mais.
- Devo perguntar qual seria o motivo ou vai continuar sendo a mulher enigmática das cavernas?
- Hahahahaha... Acho que você veio pra me libertar. Não que isso dependa de você, mas partindo do ponto de vista da impermanência e interdependência das coisas, vou aceitar tua água, te esquentar com meu fogo e pensar no jeito mais livre de ser agora que nos encontramos.
- E você já não era livre ontem?
- Sim, até você aparecer.
- Ué... Vim pra te libertar ou pra te prender?
- Ontem meu conceito de liberdade era outro, agora que você chegou as coisas mudam um pouco.
- Que liberdade ambulante é essa?
- E como seria liberdade se não fosse ambulante?
- Tá certa de novo. Também aprecio o movimento.
- Tá vendo. Eu não disse que era pelo mesmo motivo?
- E eu achando que você não comia com faca por que usava as mãos! Só come fruta?
- Tenho é medo de matar.
- Eu mato pra você!
- E eu? Morro por você?
- Hoje em dia ninguém faz isso! O mundo tá egoísta demais.
- É, talvez esteja certo, acho que sabe mais de lá de fora do que eu. Mas, enfim... Minha caverna é pequena, não cabe.
- Quer que eu vá embora?
- Não. Gostei de você! Mesmo. Só quero que deixe egos e ismos do lado de lá.
- E aqui dentro sobra o que?
- Nós quatro!
- Quatro?
- Eu e tu, tu e eu!
- Boba!
- Hahahahaha...
- Você é muito bonita.
- Quero aprender e cultivar essa beleza!
- A sua?
- Não. A tua.

Ele sorriu como quem nunca tivesse sido elogiado, trocaram olhares com o peso que os olhares dos homens da caverna deviam ter. Ele vai um pouco para o lado e ela se senta na pedra. E naquela caverna brutalmente invadida, ambos mataram sua sede e se aqueceram para sobreviver.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Sufocada


Parei pra entender se estava assim pelo peso que o mundo faz nas minhas costas. Não era isso! Fiquei pensando se o peso do meu próprio corpo, também não era. É tanto bem querer que sufoca!
Essa minha mania de achar que as pessoas querem ser amadas acaba me matando qualquer dia desses. Mas foda-se, se guardo pra mim, morro mesmo assim.
Que o mundo já não tem salvação, todo mundo já se conformou, mas e quanto a tua própria vida?
Não consigo mais ser apenas mais um em um milhão, de achar que só por que tá tudo uma bosta o que resta é cair de boca sem conseguir abri-la, isso sim me sufocaria até a morte.
Esse peso que senti, na verdade é o peso que os que bem me querem colocaram em mim, o peso de uma responsabilidade que eu nunca escolhi e a o cobrança que pra mim acontece com naturalidade.
A vida é muito mais do aquilo que você pensa, dos conceitos que lhe estão impostos, do que as vontades feitas, do que os sonhos não realizados, a vida é o que você faz com tudo isso.
Sufocada, de expectativas não correspondidas, de sonhos que não são meus, da vontade dos outros que eu compreenda que o mundo não tem salvação, da verdade que nunca consegui acreditar, das escolhas que pra mim ainda não foram cogitadas, das falsas aceitações, de admirações vazias, de elogios interesseiros e críticas invejosas. Respeite o que eu sou e então verá que eu já aprendi a te respeitar.

Ontem fui vomitar e parece que minhas vísceras saíram todas!
Estou limpando o chão de casa até agora. Estou colocando tudo de volta onde deveria estar.
Almofadas, louça limpa, livros, pulmão, intestino e coração.

Hoje estou conseguindo respirar. Respiro doce, com um sorriso leve no rosto, sorriso de quem resolveu deixar esse peso pra lá e ter prazer em respirar.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Das vísceras pro papel

Com a barriga dolorida de tanto rir e a boca exausta de acompanhar o ritmo em que a mente organizava minhas ideias: vomitei tudo o que estava guardado há um bom tempo, com falas desconexas, ideias soltas, pausas longas e nenhuma pretensão de ser compreendida, tudo aquilo estava cheio de verdade mas sem nenhuma bandeira que as representasse.

Somos constantemente enganados e expostos ao que deve ser e como devemos preparar o estômago para engolir tudo aquilo que é considerado normal normalmente imposto com a violência de uma verdade absoluta.

Afinal, ser feliz pode assustar muita gente, parece que a felicidade que existe no simples ato de encher e esvaziar os pulmões vem acoplada de uma certa culpa cristã que se instaura no coração quando nossos olhos enxergam a infelicidade sufocando aqueles que não aprenderam a importância na simplicidade do respirar.

E esse meu discurso é bonito, não é? Sobre respirar fundo e fugir dos padrões da normalidade normalmente imposta e respeito e escolhas e tudo que é poético, mas você ainda não viu nada: experimente ser visceral por um dia.

A questão é tão visceral quanto ter de segurar a vontade de cagar até que o próximo banheiro chegue ou até que sinta-se a vontade para cagar em um banheiro que não é seu. O alívio? É essa sensação que o visceral traz! Quase uma felicidade ridícula, fora do norma. A pureza daquilo que é por ser, sem conceitos, sem muito o que explicar, sem pretensões. É o vazio cheio para quem esvaziou para preencher o vazio do cheio que já transbordou.
 















Não confunda. Não estou incentivando um ato não pensado ou sem sentimento!

Estou fazendo um convite ao que está além dos limites que os outros podem ver mas você não pode ignorar. Estou te convidando para libertar seu intestino, estômago, pulmão ou talvez coração, em um banheiro com paredes de vidros mas com um vaso confortável.

Entra, senta, deixa a porta aberta, respira fundo. Agora solta o que as suas já vísceras não podem mais aguentar!

terça-feira, 6 de agosto de 2013

O Bêbado e a Equilibrista

Queime tudo, sem apego, e depois me diz o que ficou.

Continue andando, de olhos fechados, e depois me diz onde você chegou.

Pois eu lhes escrevo esse texto com a segurança de um palhaço bêbado que equilibra-se de ponta cabeça em uma corda que balança e mesmo assim não cai. Estou queimando o que vejo e fechando meus olhos para pegar o caminho certo.

Fiquei com o que sou, eu sem precisar mentir.
Cheguei onde sempre quis estar, em casa em qualquer lugar.

Pois lhes escrevo com a insegurança de uma equilibrista que ensaiou seu número diversas vezes mas mesmo assim ainda tem medo de errar. Estou vendo tudo queimar e andando para que meus olhos não se fechem.

Queimei, fiquei, andei, cheguei, bebi, cai, ensaiei, errei.
 
No final, insegura ou segura de mim, a corda bamba nunca parou.
No final, a platéia do circo aplaudiu de pé e nenhuma dessas questões de fato importou.

Desisti de fugir com o circo, hoje eu quero que ele pegue fogo!

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Da liberdade que em meu peito habita

Eram belos. Eram um pouco caídos e muito naturais. Tinham uma forma perfeitamente arredondada para casar com duas mãos que fossem capazes de amar pelo toque. Aqueles peitos por detrás de uma blusa branca quase transparente me tiraram um sorriso. Eram peitos sinceros sem máscara alguma. Então foram cobertos pelo abraço de um homem. Um homem com peitos não tão vistosos e arredondados e sorriso de quem ama uma mulher.


E me senti presa dentro de um sutiã verde musgo que me incomodava os seios e gritava mais que meus delicados mamilos gritariam aos olhos de quem os notasse. Era tanta artificialidade, tanta repressão ao que é belo, cru e natural, tanto medo do que iriam falar, que me senti acolhida naqueles peitos que me falavam sobre a verdade num voto de silêncio eterno.


Deitei-me para dormir e tirei o meu sutiã. Acordei, guardei-o em minha bolsa, coloquei a minha blusa branca e sai. Cheguei em casa e percebi que no caminho poucos notaram a liberdade que em meu peito habitava já que a consequência que essa simples escolha gerava era um sorriso tão sincero que roubava a cena da malícia que tudo que é natural pode atrair.


Livre de mim mesma, livre por mim mesma. De peito aberto e seios de verdade. E não foi um ato feminista ou a favor de qualquer outra bandeira. Essa sou eu, sendo o que quero ser. Essa sou eu, descobrindo o que me liberta nessa selva concreta, notando o tamanho dos meus medos e pensando diariamente se vale a pena leva-los a diante.


Cobrindo peitos nus com sutiãs ou abraços, liberte-se do que não te faz bem e sinta-se melhor. E, então, quando menos perceber, estarão te sorrindo de volta não pela estranheza do que você é, mas pela naturalidade com que a sua estranheza aprendeu a ser!

sábado, 3 de agosto de 2013

Um grito no vácuo


Minha boca abre, o som não sai. Estou no vácuo de mim mesma, aqui tudo é denso, tudo é tenso.

Hoje eu quis me embriagar, hoje eu quis ensaiar para a morte.
Hoje eu pensei nas crianças sem pais, nos idosos abandonados, nos animais mal tratados e nas coisas mais puras e belas que passam despercebidas.

E quando sentei para jantar, me vi ocupada em nascer e morrer.

Gritei! Mas estava no vácuo, o vácuo de mim mesma.

E meu grito estancado, fica estampado na minha cara sem sorriso, na minha testa franzida, nas minhas mãos e braços que buscam outras mãos e braços no anseio de propagar o que mesmo no vácuo não cessou.

Não sei se cega de cansaço ou de ignorância, não há mãos que minha vista consiga enxergar.
Estou aqui, vomitando a comida que engoli.
Estou aqui, vibrando o grito que não fiz ecoar.
 

domingo, 28 de julho de 2013

Vândala Supertramp


Eu fui pra linha de frente, eu dancei, eu tive medo, eu ri quando escorreguei, eu levantei e continuei correndo até cair de novo, eu fiquei quieta, eu gritei consciente de que ninguém iria ouvir, eu não tive de me acalmar, logo depois tive todo o tempo do mundo parar que a calma viesse, eu não tive de pensar rápido, mas o tempo que me esperava fez com que o pensamento rápido viesse.

Eu estava sozinha.

Eu fiz o que eu queria, eu andei de mãos vazias, eu quis o que fazia, sozinha.

Me desenhei, me pintei, me cobri, me banhei, me olhei, me percebi, pintei-me nua.

Pensei em tudo o que eu fiz até aqui.

Dai que percebi que os caminhos longos e selvagens só servem para guiar-nos ao desconhecido que reconheceremos dentro de nós. Onde nos deparamos com a grandeza de certa verdades comparadas a ignorância do nosso egoísmo. Sem saber dizer ao certo se a chegada é o caminho ou onde achávamos que ele iria acabar.

E se a felicidade só é real quando compartilhada, o que fazer com a realidade da solidão acompanhada?

Para que nossos sonhos não sejam assassinados, para que notemos a importância de respirar, para que cada dia seja vivido como se fosse o último: sejamos verdadeiros!

A solidão e tudo que ela traz quando vivida intensamente é tão fundamental para a nossa felicidade quanto a importância de compartilhar-la. Falo sobre felicidade e solidão. Falo sobre as duas juntas.

Divida-se, por um. Essa é a única divisão necessária para continuar com seu próprio valor antes de multiplicar-se por outros. Multiplique-se, então, por todos.

Christopher McCandless, obrigada pela carona nesse ônibus mágico.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Coração tranca de fusca

Eu tranquei meu coração. Pronto!

Me senti segura, dona de mim, certa de que nada me machucaria.
Com minhas certezas, com as minhas posses, com a minha segurança: reparei no teu sorriso que fez o meu olhar sorrir de volta e minha boca fraquejar mostrando a insegurança que todas as suas incertezas me traziam.

Descobri que me tranquei com a tranca errada. Feito fusca antigo minha tranca se abre com qualquer chave que esteja mais gasta.

Pobre de mim que achei que estaria segura estacionando meu coração onde a mente pudesse enxergar.

Mas aconteceu! Agora é aceitar que não posso guiar sem gasolina, que não se troca marcha sem o equilíbrio de dois pedais. Agora é abrir a boca pra expressar a insegurança que talvez te mostre que não somos tão diferentes assim.

Então entra. Pega uma carona no meu fusca sem trancas e no meu coração escancarado. Abre minha porta com um sorriso de quem ficou sem graça diante da simplicidade da beleza não pensada. Não repara na bagunça e pode mexer no banco se quiser, o importante é que se sinta a vontade, a viagem é longa até que você se acostume com o barulho que o motor de um coração quebrado pode fazer.

E a estrada infinita vai passar por todas as imagens das fechaduras das portas que já espiamos sem coragem de abrir durante todo esse tempo em que ainda não havíamos nos acompanhado.

Então, assim como o tempo é relativo para quem está usando o banheiro e para quem está na fila esperando para se esquecer de lavar as mãos, o tempo de viagem e onde ela findará será relativo de acordo com as trancas que nela abrirmos e o que estivermos dispostos a enxergar.

Pronto! Você libertou meu coração.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Um dia seremos velhos!

- Quero morrer antes de envelhecer.
- Não fala besteira! Hahahaha...
- É sério. Eu seria previsível demais se simplesmente seguisse o ciclo da vida. Alguma coisa tem que ser diferente comigo. Quero crescer, mas não nos padrões que me são colocados, quero ter filhos, mas não acho um pai que sejam dignos deles, quero envelhecer mas não nessa merda de sociedade onde não se vê beleza em tatuagens enrugadas ou tetas caídas de tanto serem apertadas...
- HahahahahaVocê é louca!
- Tô mentindo? Que velha você acha que vai ser?
- A velha sem tatuagens enrugadas! Hahahaha...
- Mas de tetas caídas!
- E você que nem velha tá e já tá ai, toda pra baixo.
- Prefiro as coisas a modo natural!
- Vai parar de se depilar agora também?
- Me deixaaaaaaaaaaaaaaa! Hahahahahaha...
- Eu não me depilo desde que terminei! Ninguém vai ver mesmo!
- Credo! Não tem mais de um mês isso?
- Isso é preconceito. Não me julgue!
- Te amo até peluda, meu bem. Relaaaaaaaxa!
- Vai me amar quando ficarmos velhas?
- Acho que se eu não morrer antes de envelhecer vai ser só pra te amar.
- Galanteadora barata! Isso que você é, cara amiga!
- Barata ou cara?
- O preço pode variar de acordo com o comprador!
- Cada um dá o valor que quer, não é?
- Exatamente.
- Pois então repito: se eu envelhecer vai ser só pra te amar! Muito mais imprevisível e honesto do que ser apenas mais um no ciclo da vida.
- Justo.
- Será que todos fazem propostas imprevisíveis e honestas ao torno do seu ciclo natural?
- Tá falando de vida ou de menstruação?
- Hahahahahaha... Besta! Tô falando sério.
- Olha, pode até ser, só não sei se é daí que vem a força para querer envelhecer.
- E se eu envelhecer sem fazer nenhuma promessa galanteadora barata, imprevisível mas honesta?
- Dai provavelmente você envelheceria e ficaria pensando em todas as histórias que poderia ter contado.

De uma velha sem filhos, de tetas caídas e tatuagens enrugadas, no funeral da amiga que possibilitou que essa história fosse contada.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Sinfonia de Silêncio

www.zvhphotography.com

- Não sei ainda o que vou fazer, Vó...
- E desde quando você sabe o que quer? Cada hora tá fazendo uma coisa!
- Na verdade eu tô fazendo sempre a mesma coisa.
- Como assim?
- Sempre faço o que mais me faz feliz!

E o silêncio que essa frase trouxe é o mesmo silêncio que reina toda vez que penso nas certezas que deixei para trás, nas propostas que recusei em nome daquelas certezas que deixei para trás na frase anterior, nos amores que tomaram destinos diferentes do meu por conta das propostas que não deixei de recusar, nos amigos que moram longe e que acompanho com saudades independente dos diferentes caminhos para onde nossas escolhas nos levaram.

E não é um silêncio triste, é um silêncio que basta!

A gente vive tudo no tempo exato para que seja proveitoso ou para que aprendamos a aproveitar mais.

Independente de terceiros, só você sabe o seu limite, por onde você andou e até onde quer chegar. A felicidade é tão pessoal quanto nosso reflexo no espelho.Portanto, desejo que os julgamentos evaporem no ar, que aquelas velhas opiniões formadas sobre tudo virem pó, que os obstáculos e pressões da sociedade moderna tornem-se trampolins para a sua felicidade e, por fim, que nunca lhe falte comida, um teto pra morar e ao menos um bom amigo para aprender a dividir.

Esses são os votos da metamorfose ambulante que compôs uma sinfonia de silêncio com a Vovó!

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Nem a metade do máximo

- Você é o máximo!
- Para com isso... 
- É sério, olha pra você. É dono da minha admiração.
- Não sou dono nem de mim!
- Tá vendo? Você é o máximo.
- Não sou nem metade do máximo que quero ser.

Talvez eu fosse o máximo que ela quisesse ser, mas não o meu! E foi naquela conversa que percebi que toda hora que chego onde acreditava ser o máximo que eu poderia ir, posso ir muito mais longe que os limites que as palavras que escuto costumam colocar. O mínimo é o suficiente para que nossos sonhos se percam na admiração daquilo que gostaríamos de ser. Sejamos!

Resolvi transformar minha admiração em trator. Tenho atravessado todos os muros que delimitam barreiras daqueles que considero o "máximo" e ainda faço questão de dizer que seus quintais podem ir muito mais além do que os belos jardins que já cultivaram. Mesmo que eu não atinja os próximos máximos que eu reconhecer, estarei ao menos destruindo os muros de certezas que barram matas virgens querendo florescer. 

Seja bem vindo a minha casa sem paredes, pode usar meu trator se quiser, e lembre-se: aqui ninguém é o máximo e nem tem certeza de onde quer chegar!

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Divide sua casa comigo?

Eu durmo no sofá, no chão ou até de pé, mas divide?
Pois casa só é casa por conta da asa que ficou presa no C de coração.
Divide sua asa comigo?
Porque só cria asa quem se sente em casa com uma simples oração.
Divide sua oração comigo?
Oração: ração que alimenta a fé de quem se dispõe a ficar de pé por estar cansado de voar só.
Divide sua ração comigo?
Pois se a fome não for de comida, será a fome da ação de fazermos juntos.
Divide sua ação comigo?
Porque genuíno que você é, saberá dividi-la por dois para gerar o amor e transformar o resto no som de são.
São: palavra que só existe quando dois aprenderam a ser juntos o não se poder ser quando um.
 

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Fidelidade

Pois o amor é chama e serei fiel aquilo que sinto, o romance pode morrer e a minha solidão sofrer de insônia, quero mais é viver a eternidade de quem declara fidelidade ao amor que aprendeu.

Se é pra ter rotina, que seja a rotina do amor: todo o dia será a primeira vez de um amor antigo!
Já não importa o quando, onde ou quem, só o amor importa.

Só o amor é capaz de manter-se eterno e desapegado mesmo dependente, só assim fui capaz de enxergar eternidade onde o minuto não dura mais que sessenta segundos.

Em um minuto sou capaz de amar por uma vida inteira! E todo quem, onde e quando, terão a mesma importância que a primeira vez de um amor antigo.

Mesmo a minha rotina sendo velórios de romances na insônia da solidão que sofro, aprendi a amar, também, a fidelidade do amor que declarei, pois o amor é chama e serei fiel aquilo que sinto.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Terça feira

Acordei primeiro. Eu estava exausta de dormir em diagonal na cama só pra aproveitar o espaço! Foi deitar-me acompanhada para que a minha solidão dormisse sozinha naquele domingo a noite. Porque a gente só acorda primeiro em uma segunda de madrugada para contemplar o infinito que o segundo carrega nos seus olhos fechados.

E enquanto minha solidão dormia, aproveitamos cada centímetro quadrado da cama para que dois corpos ocupassem o mesmo espaço em harmonia. E de dois universos tão únicos e particulares, nasceu um universo todo no espaço que dividimos naquela ausência de palavras tão confortável de respirações tão musicais.

Agora, terça feira, mesmo que nossos universos já não caibam mais nas linhas que limitam a cama em que dormimos, posso afirmar que o universo que criamos se prendeu nos limites da nossa solidão. Hoje é terça e a minha solidão já tem sono!

sexta-feira, 15 de março de 2013

O romance morreu

Trocar uma carta. Dizer bom dia na orelha. Receber uma ligação de segundos com palavras doces. Um abraço com mais de 2 minutos. Ser feliz a dois. Mãos dadas. Espera na janela. Uma música lenta. Flores. O perfume.

Não. O romance morreu! E tudo que pareceria bom passou a parecer tolo demais. O tudo que era para ser simples e sincero pode assustar e espantar alguém!

Minha vontade é fazer amor na praça enquanto a cidades se esconde do tiroteio!
Se o romance morreu, quero deitar ao lado dele.



Entregarei declarações de amor de porta em porta. Todos sentirão o calor do meu bom dia quando meu nariz tocar-lhes as orelhas. Gastarei horas esperando ao lado do telefone por ligações que irão durar segundos só para ouvir palavras doces. Estarei de braços e abraços abertos até que meu corpo não consiga mais sustentar. Serei feliz por mim a espera do meu dois chegar. Dormirei de mãos abertas. Construirei janelas. Dançarei sozinha. Plantarei sementes. Cultivarei flores.

Sim. Continuo viva! E onde não existe romantismo passará a existir. E onde tudo era normal e rotineiro vai causar tédio e estranhamento.

Porque hoje eu vou atirar romance enquanto a cidade faz tiroteio!
Se o romance morreu, nasci pra vingar o nome dele.

O outro lado do amor

- Vem comigo?
- Não seja tão egoísta!
- Vem comigo?
- Eu não seria tão egoísta comigo mesmo!
- Estou indo, tem certeza que vai ficar?

Essa foi a última frase que saiu de sua boca, uma frase longa o suficiente para acabar com todas as certezas que eu tinha e curta o suficiente para não permitir que eu pensasse demais. De certa forma parte de mim foi e parte de mim ficou, impossível não dividir-se durante a vida. Já que não tinha mais certezas, decidi ser feliz. Se fui ou se fiquei já não faz diferença, o que fez tudo mudar foi encarar a minha felicidade como algo maior do que eu e não taxar como egoísta aquilo que me permite amar. Amor: aquilo que me faz tão eu a ponto de me libertar daquilo que me prende ao que não pertence a mim. Tudo mudou e eu mudei junto, depois de decidir sozinha o que seria de mim, já não importa mais o onde, o como ou com quem. Optei em deixar o egoísmo pra lá! Hoje, quando digo "Vem comigo?", sei que mesmo se não vier, estará.
Toda decisão tomada com intenções genuínas é livre de egoísmo e apta a libertar.

Hoje desfruto do silêncio a dois que suas últimas palavras deixaram, feliz por amar e ser amada!