terça-feira, 29 de outubro de 2013

Vaca de divinas tetas, eu sou, mulher!

Derramo o leite bom na tua cara e o leite mau na cara dos caretas.
Por caretas, sou julgada, pelos seres livres, contemplada!

Vaca de tetas que alimentam, vaca de tetas torturadas pela gula dos capetas.

De olhos silenciosos e profundos e do mugido alto e agudo
Por caretas, sou comida,  pelos seres livres, amada!
Vaca de tetas que balançam, vaca  de tetas que dançam sozinhas nas mãos dos "puretas".

Sou vaca, sagrada e profana.
Sou vaca, que não dá, distribui de tão generosa. Sou vaca que anda em bando sem boi certo. Sou vaca gorda quando querem tirar proveito, sou vaca louca quando não me come bem.

Sou vaca, sagrada e profana.
Sou vaca, que não cansa, dá leite mesmo de teta estourada. Sou vaca que anda em bando mesmo sem boi certo. Sou vaquinha para que as pessoas se unam, sou mulher vaca quando me comem bem.

Bem mais que mãe, amiga, companheira: sou eu, vaca  de divinas tetas!

E nem que eu tussa todos os bois entenderão que somos nós que carregamos tetas que alimentam o gado todo. Não sou carne, mas também sou animal. Respeito muito as minhas lágrimas mas mais ainda a minha risada. Respeite, não são só os bois que carregam chifres. Inscrevo assim minhas palavras, na voz de uma mulher sagrada.





domingo, 27 de outubro de 2013

O meu Blues amarelou!

Amou com tanta vontade, mordeu com tanto desejo, apertou com tanto tesão que tudo ficou vermelho. E num domingo de tédio, eu só pensava em pintar tudo que era blues. Deve ter sido o amarelo do vestido dela, meu blues agora era verde esperança de que ela não parasse de dançar mesmo se o disco acabasse.Deitamos e rolamos, cantamos alto e rimos de nossos umbigos. O dia nascia laranja e coloria todo o quarto. Foi o vermelho no ar refletindo no amarelo do vestido dela. E na manhã de uma segunda tudo que era blues de acabou.


terça-feira, 15 de outubro de 2013

O peso de meu peito

Meu pequeno peito é escudo duro para proteger-me do perigo.
Os peitos dessa senhorinha já estão caídos, mas eu não ousaria dizer que foi a gravidade que veio com a idade, acho que foram as saudades de quem já lutou demais e assistiu de camarote a morte de seus companheiros de luta.
Seus peitos longos e pesados vão muito além da física. A gravidade disso está naquele que não pensar por onde esses peitos passaram antes de chegar onde chegaram! Pelo primeiro sutiã, pelas mãos de seu namorado, do próximo, de mais um e então nas mãos do pai de seus filhos. Peitos que deram leite, peitos que alimentaram a boca de seus filhos. Peito escudo, peito colo.
Em meu pequeno peito, hoje a dona desses peitos pesados descansou. Sem saber onde estavam aqueles que por seus peitos pesaram, ela chorou. Então, meu peito pesou. Talvez ele já pesasse há algum tempo, mas hoje a gravidade pesou.
Meu pequeno peito agora é colo quente para os desamparados. 
Meu escudo caiu, antes achava que o peito de nós mulheres pesava pelo peso do escudo que acreditamos nos proteger, mas percebi que aquela mulher não carregava um escudo há anos, ela só sabia amar e por amor lutava e aprendeu a se defender. Quando olhei bem, reparei, o vão entre seus peitos pesados era duro como o escudo pesado que eu carregava, mas não era metal nem nada, era o calo de um colo que a todos acolhia. Se o peito de uma mulher pesa, hoje eu aprendi, só pode ser pesar de muito amar.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Prosa ou poesia?

Ele me perguntou querendo saber um pouco mais sobre mim. Respondi e ele sorriu como quem já soubesse a resposta. Prosa. Então ele me perguntou o que eu sentiria se fosse Eva no momento da expulsão do Paraíso, eu disse que eu me sentiria conformada e uma cara de espanto tomou o lugar do sorriso da resposta anterior. "Não sentiria nenhuma culpa?", não, eu não sentiria, "Mas mesmo sabendo que sairia do paraíso para vir para a Terra que é um grande abacaxi?", eu sabia o que podia acontecer e fiz uma escolha, era um fruto proibido, certo? Nada mais justo do que arcar com as consequências dos meus atos, "Mas e o Adão?", Tem o Adão! Bom... Coitadinho, é. Mas culpa... Não! Na verdade, ele também tinha o poder de escolha. Isso, sem culpa nenhuma! Daí, o sorriso voltou na face daquele doce velhinho, não sei se de culpa ou se conformado com a minha resposta ou por estar inconformado pela culpa que nunca existiu. No final, se ficou claro ou não para ele, meu mundo se esclareceu, escrever pra mim é isso: uma terra amanhado de prosa, onde o pecado e o divido andam de mãos dadas e pés descalços, para que um dia floresça poesia!