segunda-feira, 26 de maio de 2014

O Brasil já está goleando nessa copa!

  Greves, manifestações, política sendo discutida na hora do almoço. É gol do povo brasileiro.
  Esse ano a atmosfera que permeia as ruas e casas que se preparam para copa estão bem diferentes das copas que já presenciei. Nenhuma criança bateu em minha porta pedindo um trocado para a tinta que vai usar decorando as ruas, mal sê vê o verde e amarelo que costumava ter, o “Vai Brasil!” foi substituído pelo #nãovaitercopa, os comerciais na TV mostrando um povo entusiasmado e feliz torcendo pelo seu país não conseguem convencer.
   Com um orçamento de quase 9 bilhões em estádios construídos para um único evento enquanto escolas públicas, hospitais e transportes, não tem estrutura para atender sequer a população, fica difícil nos convencer de que essa é uma ótima oportunidade de celebração, pois assim como essas instituições públicas, quando o mês da copa passar, tudo ficará a esmo.
  Parece que dessa vez a política do pão e circo não funcionou. O gigante que acordou e voltou a dormir foi cutucado mais uma vez e está bravo com a situação! A TV que havia deixado ligada vai televisionar a Copa, está na hora de ele decidir se vai atrás de quem o cutucou ou se espera para gritar junto na hora do gol.
   Brasil, sempre torci por ti, gigante pela própria natureza, pelas maravilhas que comporta dentro de suas fronteiras, pela abundância que oferece para quem daqui não sai e pelos que por aqui estão de passagem, pela cultura riquíssima, do coco nordestino ao chimarrão sulista. Deixo meu sincero desejo de que, nessa copa, sejamos tocados pela consciência de que não se faz copa sem estádios mas vencemos uma visão materialista e desumana lutando por mais saúde, transporte e educação.
   Nessa copa, quem entra em jogo é a população. Já estou preparando as chuteiras para acertar o gol!

sexta-feira, 23 de maio de 2014

A perfeição do imperfeito

Errava. Dizia coisas que voltava atrás. Não se arrependia, mas confessava o próprio erro.
Pegava o caminho errado e só percebia no meio do caminho.
Caminhava sem olhar pra frente e quase sempre tropeçava.
Se atrasava pois não apertava o passo por preocupação.
Fora despedido por conta de seus atrasos.
Não comia as mesmas comidas, não bebia as mesmas bebidas, não fazia a mesma oração.
As vezes usava a mente e as vezes o coração.
Tinha pé feio e orelhas de abano.
Não comprava roupas a mais de um ano.
Sempre esquecia de lavar a roupa e só percebia quando não tinha mais roupas limpas para usar.
O tempo de lavar roupas usou lendo os livros que lhe roubavam sorrisos.
Gastou o dinheiro das roupas novas que compraria com flores para enfeitar a casa.
Seus olhos brilhavam um brilho bonito e suas mãos tinham um toque gentil.
Nunca deixava a razão ultrapassar o amor que sentia.
Repartia sua comida, repartia a sua bebida, orava por todos.
Quando fora demitido, não teve mais motivos para se atrasar.
Caminhava sem ter de se preocupar num lugar para chegar.
Se perdia olhando as pessoas e flores que encontrava pelo caminho.
Quando não sabia onde estava, não importava, cruzava a rua, voltava pelo mesmo caminho mas pelo outro lado. Feliz com o novo que viria!
Por não se arrepender, compreendia que nada era errado se com o erro se aprendia. E dentro de sua imperfeição, aprendeu a ser perfeito, do seu próprio jeito, mas ninguém entendia.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Da escravidão que ainda vivemos!

  Você acorda, quer passar um café. Você está atrasado, vai trabalhar com fome. Você vai trabalhar e deixa o  filho na escola, queria aproveitar o dia com ele mas tem medo de perder o salário. Não teve tempo para cozinhar seu almoço, vai no bar e compra um almoço feito com a amargura de mais um assalariado. O garçom te atende mal pois queria mesmo viajar, mas tem de fazer faculdade, sem diploma não dá. Não conheceu Machu Picchu, mas talvez, em um ano ele faça isso, talvez em 3. Mas talvez. Você come sua comida amargurada enquanto sua coluna dói por manter-se sentada em todas as horas trabalhadas. Seu filho chora, colo de mãe não se encontra na escola. Chegando em casa, repara na febre do filho quente, queria poder faltar, mas é mais fácil e menos arriscado amenizar a febre e dar lucro as industrias farmacêuticas, agora e quando essa febre reprimida resolver voltar. Dormiu tarde com a doença do filho, atrasou de novo e não passou o café. No caminho do trabalho, dentro do carro , importante para te transportar nos dias de greves e que ainda não terminou de pagar as parcelas do financiamento, pensa na segurança que o dinheiro consegue lhe dar, olha para o lado e é surpreendida com um tiro de revolver de quem dinheiro não tinha e resolveu lhe assaltar. Segurança que acorrenta no lugar de libertar. Estamos em busca de um porto seguro onde ninguém consegue amarrar o barco. É nadar para morrer na praia. Não há tempo para abraços, não há tempo para cuidar, não há tempo para amar ou pedir perdão. Hoje, tempo é dinheiro e o dinheiro é o senhor da nossa escravidão. O filho agora é febre pela falta da mãe, o cozinheiro continua a amargurar os alimentos, o garçom ainda não foi viajar, o assaltante, que nunca houvera matado, ajoelhou e se pôs a chorar. Todos acorrentados pela mesma escravidão!


domingo, 11 de maio de 2014

Geni é mamãe!

Ela que deitara os corpos em todas as camas, ela que amara a todos como ninguém sabia amar.
Geni estava prenha e todos eram o pai. Mas para Geni pouco importava, se sabia amar aqueles que lhe invadiam o ventre, como não amar o fruto que o próprio ventre gerou?

"Geni não serve para mãe, Geni não é moça de família!"
"Geni não serve para mãe, mãe que é mãe, sabe quem é o pai."
"Ponha-te em teu lugar, Geni, o que vai falar para essa criança?"
"Onde vai criar esse bebe? Vai nina-lo com canções de cabaré?"

O que ninguém sabia e Geni não fazia questão de esclarecer é que não lhe interessava o que pensassem mas sim o filho que viria a nascer. O mundo emudeceu, o amor de mãe que lhe preenchia transformava em flores todas aquelas palavras recheadas de pura inveja e hipocrisia. Amélia morreu e o Malandro ficou de queixo caído, Geni é que era mulher de verdade. A mulher da verdade escancarada na cara, verdade que servia de balança para medir o tamanho do julgamento de quem media o tamanho da barriga que não cabia em suas roupas curtas. Toda nua era Geni, nua de roupas e nua de si.

Pois o bebe nasceu! Com as flores de hipocrisia que Geni colheu ela fez um manto e o aqueceu. Seu nome é Jesus, hoje ele cuida da mãe que sempre o cuidou. Jesus é feliz e um abraço apertado Geni ganhou.

Deixo aqui um sincero apelo para que todas as mulheres se libertem da pressão ignorante, machista e repressora que a sociedade nos impõe disfarçada em seus preconceitos e padrões, não é preciso dar a luz para aprender a iluminar e é permissível se iluminar só depois de dar a luz!

https://www.youtube.com/watch?v=tLywZDycIzQ