sábado, 19 de julho de 2014

Quanto custa a sua calcinha?

   Rafaela, aos 14 anos, morava em Santana e fazia sempre o mesmo percurso, a noite, para visitar seu pai. Uma avenida movimentada, cheia de carro e cheia de gente. Até que um dia, neste percurso, com fones de ouvido, viu um homem de dentro de um carro sinalizar por informações. Ele disse algo mas ela não entendeu, estava com a música mais alta. Ela, então, despiu-se deles e pois-se a ouvir aquele homem que parecia necessitado:
   - Por favor, você pode me dar uma informação?
   - Sim, claro.
   - Quanto custa a sua calcinha?
   Nem as roupas e nem a cara de criança foram o suficiente para assustar aquele homem. Mas foram as roupas e a cara de criança que fizeram com que Rafaela perde-se a fala. Ela caminhou 10 passos e estava em frente a uma boate, onde mulheres se prostituíam mais sempre havia um segurança na porta. Lá ficou, até que o carro fosse embora e ela pudesse seguir seu caminho. Então, chegou na casa de seu pai e não disse nada pra ninguém. Afinal, não aconteceu nada!

   Hoje, depois de ter ouvido seu pai dizer que é melhor evitar roupas curtas para não atiçar a necessidade alheia, ver seu irmão ter repúdio por uma axila peluda e testemunhar inúmeros casos de abusos contra a mulher, Rafaela resolveu falar sobre o preço de sua calcinha.
  O preço de sua calcinha a cueca suja de porra daquele homem só conseguirá pagar o dia que tiver de trocar as fraldas de sua mãe quando ela já não tiver mais necessidade de usar calcinhas como as de Rafaela. Daí, provavelmente, o seu interesse em calcinhas será outro.




   Hoje, graças, e por, cada uma de vocês, que vestem suas calcinhas diariamente, nada mais pode calar a liberdade que carrego em meu corpo. Sintam-se abraçadas!

domingo, 13 de julho de 2014

Mar aberto de amar

Mergulhei. Eu fui, cheguei, voltei e continuei a ver o mar
Tanto mar, tanto amar, tanto a amar.
Então fui de novo, mergulhei e fui mais fundo.
E quanto mais fundo eu ia, mais fundo percebia que podia ir.
Quando colocava a cabeça para fora do mar, percebia o céu aberto para mim e voltava a mergulhar.
E lá estava eu no mar. Nadando de peito aberto, cheio de ar, cheio de mar, cheio de amar!
Que quando se ama, quanto mais fundo se vai, mais fácil fica de respirar.