domingo, 14 de dezembro de 2014

Tá difícil falar de amor!

O meu carro foi roubado. Pai de família desempregado. É! Tá tudo estragado.
Crianças na rua pedindo esmola, alimentando o tráfico de cola. E eu aqui sentado.

É que tá difícil falar de amor,
tá ficando fácil rimar a dor.
É um desperdício...

O céu de estrelas modificado, só vejo fumaça pra todo lado. É bom tomar cuidado.
Pessoas mentindo, justificando, dizendo que amam se machucando. Tem algo de errado!

É que tá difícil falar de amor,
tá ficando fácil rimar a dor.
É um desperdício...

Mas e se eu tentasse falar de amor?
Desapegando de toda essa dor, eu começo agora!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Foto grafia do nosso amor!



Era a vista dos teus olhos que me fazia bonita. Nunca me gostava nos retratos de festas de família, menos ainda nas fotos em grupo com os amigos, nas que um desconhecido de mim tirava, só piorava. No fundo, eram teus olhos que esverdeavam os meus, o meu sorriso bobo era a consequência do teu. Então, lá estava eu, na pose que você gostava, sustentando o que te agradava. Que gostoso me reconhecer no que antes nunca experimentara. Que gostoso ser como você o que sempre houvera sido eu, mas nunca antes pudera perceber. E a foto eternizou o que o egoismo de nossos corações poderia esquecer ou talvez guardar a sete chaves diante da insustentável permanência do ser. Mas você eternizou o que a foto enquadrou. Os olhos mais esverdeados, o sorriso mais sincero, a pose que vez ou outra ainda faço e volto a lembrar de ti. Pois é! Me descobri mais bonita e aprendi a sorrir mesmo longe de ti. Um sorriso sincero sem saudosismo ou irônia. Um sorriso sincero de quem deixou a pose antiga para adequar-se aos olhos de quem adequava o tato para o retrato que com a modelo faria. E que bela foto virou a nossa história de amor, melhorou minha cara nas últimas fotos de família e em grupo, até nas fotos tiradas por qualquer um. Por que mais do que a fidelidade que tive por ti, permaneço fiel ao amor que aprendemos juntos, esse amor que dá vontade de fotografar e guardar pra sempre, este permanece bem vivo no brilho do meu olhar que , hoje em dia, qualquer câmera porcaria consegue eternizar!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Continue a nadar!


Não cabe, teve de sair.
Não cabe, aprendi a dividir.
Transformando câncer em poesia para não morrer na monotonia.
Transformando a arte em remédio que é para não morrer de tédio.
Parei de usar drogas depois que resolvi amar.
Hoje vivo entorpecida e não consigo mais parar.
Sai da monotonia, sei que não morro mais de tédio mas não aceito porcaria.
Pois amar é droga fina, pois amar é mordomia.
Os pobres de espírito nunca entenderão.
Os ricos de dinheiro, com ele não a comprarão.
Hoje vivo só de amor, sem pedir licença, nem por favor.
Deixei o trabalho, namorado e a família.
Troquei por gargalhada alta e tempo para cheirar as flores, mudando o rumo em qualquer ventania.
Foi ontem que reparei, o botão que eu era se amadureceu e se abriu pro meu amor.
Pois de tanto mergulhar no raso, sei que meu mergulho já não mais lhe caberá.
Mergulho, por hora, no meu oceano infinito e particular.
Quem de amor quiser viver, aconselho: continue a nadar e con ti nu e a nadar!



quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Ponte aérea

Ela vinha de cá, de um lugar onde o relógio marcava seis da tarde. Ele vinha de lá, onde eram seis da manhã. Se encontraram as três, enquanto esperavam pelo próximo avião com destino a qualquer lugar. Ela pensando o que a esperava, sem sorrir, sem graça de nada, esperando, também, o que nem sabia que esperava. Ele com certeza do que viria, sem certeza de que gostaria, rico de dinheiro e pobre de si, homem infeliz que aprendeu a sorrir. Estavam lado a lado mas nada que os fizessem perceber a própria presença, quem dirá a do outro. Eles estavam lado a lado, com fusos desajustados e sem sorrisos no rosto. Tamanho era o desgosto, não tinham força nem para reparar.

Uma hora se passou. Era sete da tarde, sete da noite e também quatro.

- Can I?
- O que? Oh... Sorry!
- Posso usar essa tomada?
- O que?
- A tomada. Posso usar para carregar um pouco meu celular?
- Pode, já carreguei o meu.

Ela percebeu que ele era bem bonito apesar de mal encarado. Ele percebeu o sorriso sem graça de quem não sabe disfarçar. Ele percebeu que gostava desse sorriso sem graça de quem não sabe disfarçar. Ela sorriu mais sem graça ainda e começou a gostar da cara que já não a mal encarava.

- Tá indo pra onde?
- Uma reunião de negócios, por isso preciso do celular.
- Fique tranquila, não perguntei por isso. Pode usar a tomada!
- E você?
- Resolvi fazer um mochilão na Europa.
- Sozinho?
- Sim. Tava meio perdido.
- Veio se perder em outro continente?
- É uma boa teoria.
- Eu tenho mais uma teoria!
- Qual é a sua teoria?
- Relacionamentos e fusos horários!
- Parece mais interessante que o meu destino, acho que tenho tempo para ouvi-la.
- Eu sempre caio em um questionamento, porque no final porque não me amarrei a ninguém ou por que meus relacionamentos passados não deram "certo". Daí, a teoria: éramos de tempos diferentes, eu estava em um fuso horário e a pessoa noutro, e o tempo de nosso relacionamento foi exatamente o tempo que esperávamos o próximo vôo, a ponte aérea, cada um para um destino completamente diferente. Chegando, então, a conclusão, que querer ajusta o meu relógio ao de outra pessoa que não vai para o mesmo destino que eu não faz sentido nenhum, o melhor a fazer é aceitar que daqui pra frente seguirá a viagem só, contemplar o céu ou aproveitar para tirar um cochilo.
- Muito bem! Você faz o que mesmo?
- Por que? Minha profissão vai alterar a validade da minha teoria?
- Curiosidade.
- Pesquisa de mercado para multinacionais.
- E como pensou em tudo isso?
- Muitas pontes aéreas de aviões e de relacionamentos mal resolvidos.
- Olha, acaba saindo muito mais barato e sensato do que um mochilão pela Europa quando não se tem fluência em nenhum outro idioma que não o português.
- E por onde vai começar?
- Zurique.
- Vôo 1545?
- Vôo 1545.
- É... Acho uma boa você ajustar teu relógio no meu!

Chegaram juntos as 8 da noite.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Não é o maior ato de liberdade sexual!

- Deixa eu comer seu cu?
- Não.
- Já transou com mais de uma pessoa?
- Não.
- Já teve vontade?
- Já.
- Então, por que não?
- Tive vontade mas nunca me senti a vontade. Tenho um pouco de preguiça do que vão falar depois.
- Não deveria ligar para o que...
- Não! Do que os parceiros falariam! Ou se eu não gostasse, quisesse parar antes de acabar. Ia dar muito trabalho ter que lidar com o imaginário alheio, prefiro ficar só com o meu!
- E com alguém do mesmo sexo?
- Não, nunca!
- Já teve vontade?
- Já, mas no fundo acho que era só curiosidade.
- Você podia ser mais livre! Fica se podando a todo momento, isso pode isso não pode. Quero, não quero. Já estive com mulheres mais livres!
- Te dizer "Não." numa sociedade hipócrita e machista é o maior ato de liberdade sexual! Já o teu julgamento, está longe de ser libertador. O fato de eu não suprir suas necessidades e expectativas não tem nada a ver com a minha liberdade sexual, talvez, tenha muito mais a ver com a falta da sua que continua acreditando que meu corpo veio para te servir, enquanto eu acredito que o sexo é gente se dividindo pra multiplicar. Acho que aquele que já se libertou compreende que a liberdade do outro pode ter nada a ver com a sua própria, cada um sabe o que gosta e o que não gosta, o que dói e o que dá prazer ou o prazer que dói e a dor que trará prazer. Tudo que posso te dizer hoje para que entendas um pouco de minha liberdade é não! Não mesmo. Não e não mais uma vez. Mas livre sim! Deus me livre de você ou de qualquer conceito que queira aprisionar a liberdade. E quanto aquela foto, se importa de apagar? Me perdi em nossa ilusória intimidade e confundi liberdade com o teu desejo de me enquadrar!

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Vim te escrever!

Já não cabia dentro de mim. Os teus olhos não paravam de brilhar e sem querer eu engoli!
Foi o jeito que encontrei pra digerir a natureza com que sorria sem graça pra tentar se proteger da fome que eu tava.

Nhaaaaac!

Me abocanhou antes que eu te arrancasse pedaços. Eu continuava viva, o ar travava mas era do arrepio bom que a mordida dava. Pronto, a gente, junto se devorava.

Ploc.

A sementinha acabara de tocar o solo! E foi no meio do concreto, onde tudo era reto, que brotou flor curva com cheiro de amor. E no meio no amor curvo, o reto estrada concreta nos separou.

Vrummmmmmm...

O barulho do motor do ônibus ruim que te levou. Mas todo ano tem primavera e o amor é certo, com ele nem concreto barra a pequena flor. Então, te espero aqui, mordida, semente, curva e certa de amor. Até a próxima primavera!

domingo, 16 de novembro de 2014

Umbigo!

Enquanto teus olhos se perdiam na tela brilhante do celular, eu fitava todo o teu corpo, passava um traço mental em todas as suas linhas e imaginava o parque de diversões particular que eu teria caso não existisse tecnologia.
Peguei meu celular pra falar com você, o celular vibrou e você sorriu. Puta que pariu!
Você bem na minha frente e eu incapaz de te fazer me olhar.
Queria mesmo era pegar no seu pau mas poderia parecer too much ou demasiado real.
Tudo bem, vamos com calma, não quero te assustar, afinal, hoje em dia quem arrisca se relacionar?
Vamos ter algo casual, sem sair do normal, eu gozo, você me espera, eu te vejo gozar, mesmo se você não me esperar. Acabou, vê a hora na pequena tela, passou tempo demais, começou a ficar real, hora de dar tchau! Amanhã a gente se fala caso eu não fique pensando em você e não sinta o risco de me enamorar...
Eu sozinha e você sozinho, na ilusão de companhia a cada som da campainha do celular.
Minha agenda de telefone, assim como a sua, um menu extenso de fast food com temperos químicos e glutamatomonossódio. Redes sociais com um leque de opções para transformar rapidamente todo o seu amor em ódio.
O que eu nunca te contei e que talvez você ainda não saiba é que fast food nunca matou fome. Ninguém é ensosso o suficiente pra gente falar que "come"!
Sabe, me sinto até um pouco hipócrita de escrever esse texto e publicar numa rede social, mas quem sabe assim, as palavras que falei ao vivo, escritas e compartilhadas, tenham um efeito viral.
É da real ação que surge uma relação, tudo isso que vivemos, foi teatro, história pra boi dormir, mergulho fundo em rio raso. É legal de lembrar, contar pro amigo, imaginar, mas na real idade, a vontade era de mais, de desligar o celular e permitir-se real acionar.
Eu mandaria um beijo no seu ombro, mas acho que prefiro te encontrar, dai eu te falo tudo que não escrevi por mensagens pois não faria sentido se não fosse ao pé do ouvido, dai eu pergunto dos teus medos e sonhos e dou risada do teu umbigo. Umbigo, que não enxergo pela tela do celular!



terça-feira, 4 de novembro de 2014

Vulcão!

Em plena erupção.
Vou transformando tudo em fogo, avançando e queimando com cuidado tudo que tá parado, chato e embotado.
Sou rocha com fogo da transformação, amor que liberta amarração! Sou rocha, fogo e lava de vulcão.
Pois quando explodo me derreto até teus pés e te consumo aos poucos, comento cada centímetro do teu corpo.
Mas não esfria, se nosso fogo apagar, se nossa lava empedrar, já não haverá mais distinção.
Seremos juntos a mesma rocha do vulcão, prontos para derreter no fogo de uma próxima erupção e beijar os pés de outros que ainda não gozaram a natureza da explosão!


segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Deixa que eu te mostro o que não tem explicação!

Que seria o amor se não a ausência da razão?
Que seria o amor se não a única razão?

Agora vem, deixa de bobeira, vem na brincadeira!
Permita-se ao erro, vem sentir meu cheiro, andar na contra-mão.
Vem que no erro mora o acerto e só se faz o caminho ao caminhar.

Deixa teus medos de lados, larga mão de insegurança, segura na minha e dança essa dança.
Deixa meus beijos por cima, me preenche de você e pede pro patrão parar de encher.

Vem que eu te emprego no meu negócio, vem sem brincadeira!
Permita-se empreender a si mesmo, teremos amor para dar e vende, ninguém vai passar vontade.
E quem nunca entendeu, entenderá, só com o amor eu vou te explicar o que não tem explicação.

Deixa que eu te mostro o que não tem explicação!
Deixa que eu te mostro o que não tem explicação...


sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Sou!

Eu sou chupar manga no quintal.
Eu sou esperar a noite chegar pra namorar a lua.
Eu sou acordar para ir correndo tomar banho de sol.
Eu sou a coragem de meter a careca debaixo da cachoeira gelada.
Eu sou o bom dia para o desconhecido.
Eu sou a comida feita com amor.
Eu sou a onça que descansa na árvore.
Eu sou a fada que flutua na natureza.
Eu sou a guardiã de mim mesma.
Eu sou a paz que quero ver reinar.
Eu sou a música que mais gosto de ouvir e a dança que mais gosto de dançar.
Eu sou cada vez mais eu quando me reconheço cada vez mais em ti.
Eu sou cada vez mais eu quando não excluo minha natureza para que sejamos nós.
Eu sou cada vez mais eu quando permito o seu ser também.
Eu sou o começo, o meio e o fim.
Eu sou e sempre que me perco no outro faço questão de me reconhecer.
Eu sou mesmo e sou sim.
Eu sou o que me é orgânico e estou sempre em expansão.
Eu sou a natureza e como a natureza permito a mudança da árvore que vai florescer.
Eu sou raíz, tronco, galho e flor.
Eu sou o agora e o além, pois só não transmuta quem esqueceu que já morreu.


quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Aqui o seu voto faz diferença!

Sorte que eu não perdi a eleição! Dei um voto de confiança a mim mesma. Meu plano de governo está ÓTIMO! Acreditem ou não, aqui tem capitalismo, anarquia e comunismo, o melhor de cada.
O uso do capital para instituir a anarquia e nadar pelada no rio vermelho.
Acredita que hoje só trabalho por quanto puderem pagar e nunca cobro além de ninguém. Digo isso batendo no peito e levantando a bandeira do gozo de amor e liberdade! Pois é, o capitalismo criando suas feras e eu me adaptando para ninar os meus gatinhos deitada na varanda sob o sol que nasce para todos. Então, mais ninguém tem o direito de dizer o que posso e não posso por aqui, pelo menos em casa, no meu trabalho, no dia-a-dia, até por que, estou a pouco tempo no poder, mais dali a pouco, nem as fronteiras me botarão regras. Dai, não nego a importância da matéria, mas faço a minha própria lei, tenho o prazer de dividir tudo com quantos eu puder. Sim! Votei em mim neste ano, eu caguei e andei pra todas as regras e leis e finalmente fiz o que eu queria fazer, acreditei na melhoria da educação e da saúde, ensinei crianças que lugar de lixo é no lixo e falei da importância de amar a todos e a natureza que nos alimenta e fiz atendimentos gratuitos pra quem de fato não podia pagar. No transporte público catraquei algumas vezes e tantas outras paguei, fui a manifestações mas mais que isso desencostei a bike da garagem. E se posso afirmar alguma coisa de meu plano de governo: nada podes governar se não tens teu próprio voto para governar a ti mesmo! Por hora, é essa a única forma de governo que aceito e acredito, não discuto politicagem com ninguém, é lei no meu governo cultivar o amor e as amizades, meu partido é de ninguém, estas convidadíssimo a instituir suas próprias leis, aqui só é válido o você para si mesmo em prol de um mundo melhor, um beijo no seu ombro e vamos a luto, camarada!

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Pílulas de poesia

Para quem não se medica e encara qualquer dor.
Para quem já não consegue mais achar graça nos problemas sociais.
Para quem é louco por ir de contra a normalidade, para quem enxerga até com os olhos fechados.
Ofereço minhas pílulas de poesia!

Pílulas de poesia para o bebê e para o vovô,
pílulas de poesia para mim e para você!
Pílulas de poesia para falar o que nunca falou,
pílulas de poesia para tapas na cara com luva de pluma.

O MINISTÉRIO DA POESIA ADVERTE
Essa pilulação pode causar inquietações bravas caso o consumo provoque likes vazios no facebook, aproximação de gente rasa ou a percepção de falsidade ou 2ª intenções. No caso destas últimas, trocar imediatamente a pilulação de Pílulas de Poesia pelas Pílulas de Paciência e Compaixão. É de extrema necessidade que o tomador da pílula haja com extrema sinceridade, podendo ter casos até de visceralidade, caso contrário ele pode se afogar no seu próprio mar de certezas e razões, neste caso, pare com as Pílulas de poesia, não é para você! O uso imediato de Pílulas de Humildade pela manhã e Pílulas contra Ego pela noite é recomendado nesta situação.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Cambalhotas

Mergulhada num mar castanho. Todo som que eu percebia me parecia distante. estava perdida naquele universo todo que me fazia perder para começar a te encontrar. A voz continuava e tudo o que eu pensava era permanecer presente mesmo tão distante, talvez assim ninguém percebesse que eu já não estava mais onde dava pé. A cara de conteúdo estava lá, para que eu pudesse me esvaziar de todo resto e deixar você entrar. Tudo estava acontecendo, a correria da cidade, as pessoas no andar de cima, os sinais vermelho, famílias reunidas assistindo o jornal nacional, você falando qualquer coisa que eu te fazia acreditar que me interessava. E enquanto isso, eu dava cambalhotas sem respirar na imensidão profunda do teu olhar.




Amar é eterna inocência

Venha como é, com o melhor e o pior de si. Etiqueta costuma incomodar, então vem sem muito pensar: simplesmente seja. Seja sem medo de ser, aqui tudo pode, tudo é possível, até a imperfeição. Nos aceitemos imperfeitos, então. Vê como é belo dar-se ao luxo do erro? Repara. Quem só quer acertar não tem humildade de perceber o presente que mora no pecado cristão! Cada um no seu caminho, escorregando mesmo segurando no corrimão. Mas esteja preparado, pois mesmo escorregando, uma hora, subir tantos degraus te leva a iluminação. Venha como é, esquece dos roxos que tombos deixou. Venha como é, pois não fui eu quem disse, mas repito: amar é eterna inocência e a única inocência não pensar. Vem amando, escorregando e segurando no corrimão. Vem amando, pois você é pura luz, faz teus erros de degraus que aprender a amar será consequência desta inocente compreensão!

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

E todos nós brilharemos!

Nós. Ateus, Judeus, Católicos, Umbandistas, Hare Krishnas, Brancos, Índios, Amarelos, Loiros, Altos, Felizes, Descontentes, Amados, Amantes, Carecas, Cabeludos, Conscientes, Ignorantes. Somos todos nós, entrelaçados. E todos os nós atados um dia brilharão.
Quando olharem para o lindo manto que formam quando todos juntos. Então, ninguém precisará se desfazer para manter aquecido aquele que ainda não se sente pertencente nesse manto formado por nós atados por um amor universal e bem maior do que a nossa materialidade pode cogitar.
 Sim, brilharemos e aqueceremos todo o universo e o infinito quando esse dia chegar.
O dia em que nossos nós não signifiquem mais diferenças e sim nosso ponto em comum, todos nós brilharemos.
Como a Lua, como a Estrela, como o Sol. Todos nós brilharemos, pois ser nó, sermos todos um ou sermos só, ser Lua, Estrela ou Sol, nada mais importará, o dia em que nossa essência divida não couber mais no pequeno nó de nossos limites intelectuais, todos nós brilharemos. 
Amem e amém!


sábado, 19 de julho de 2014

Quanto custa a sua calcinha?

   Rafaela, aos 14 anos, morava em Santana e fazia sempre o mesmo percurso, a noite, para visitar seu pai. Uma avenida movimentada, cheia de carro e cheia de gente. Até que um dia, neste percurso, com fones de ouvido, viu um homem de dentro de um carro sinalizar por informações. Ele disse algo mas ela não entendeu, estava com a música mais alta. Ela, então, despiu-se deles e pois-se a ouvir aquele homem que parecia necessitado:
   - Por favor, você pode me dar uma informação?
   - Sim, claro.
   - Quanto custa a sua calcinha?
   Nem as roupas e nem a cara de criança foram o suficiente para assustar aquele homem. Mas foram as roupas e a cara de criança que fizeram com que Rafaela perde-se a fala. Ela caminhou 10 passos e estava em frente a uma boate, onde mulheres se prostituíam mais sempre havia um segurança na porta. Lá ficou, até que o carro fosse embora e ela pudesse seguir seu caminho. Então, chegou na casa de seu pai e não disse nada pra ninguém. Afinal, não aconteceu nada!

   Hoje, depois de ter ouvido seu pai dizer que é melhor evitar roupas curtas para não atiçar a necessidade alheia, ver seu irmão ter repúdio por uma axila peluda e testemunhar inúmeros casos de abusos contra a mulher, Rafaela resolveu falar sobre o preço de sua calcinha.
  O preço de sua calcinha a cueca suja de porra daquele homem só conseguirá pagar o dia que tiver de trocar as fraldas de sua mãe quando ela já não tiver mais necessidade de usar calcinhas como as de Rafaela. Daí, provavelmente, o seu interesse em calcinhas será outro.




   Hoje, graças, e por, cada uma de vocês, que vestem suas calcinhas diariamente, nada mais pode calar a liberdade que carrego em meu corpo. Sintam-se abraçadas!

domingo, 13 de julho de 2014

Mar aberto de amar

Mergulhei. Eu fui, cheguei, voltei e continuei a ver o mar
Tanto mar, tanto amar, tanto a amar.
Então fui de novo, mergulhei e fui mais fundo.
E quanto mais fundo eu ia, mais fundo percebia que podia ir.
Quando colocava a cabeça para fora do mar, percebia o céu aberto para mim e voltava a mergulhar.
E lá estava eu no mar. Nadando de peito aberto, cheio de ar, cheio de mar, cheio de amar!
Que quando se ama, quanto mais fundo se vai, mais fácil fica de respirar.


terça-feira, 24 de junho de 2014

Testemunha de uma viciada

Para acompanhar a leitura: https://www.youtube.com/watch?v=ZMHoel8FIv0

-Senhores, estou aqui para pedir ajuda de vocês, senhores! Meu filho e minha esposa estão no Rio de Janeiro e eu não tenho como voltar. Senhores, vim fazer uma entrevista de emprego com a intenção de trazer minha família para cá, senhores. Fiquei cinco dias no processo seletivo e recebi uma ligação dizendo que não fazia o perfil da empresa. Eu sofro de uma doença, senhores, que por muitas vezes me faz sofrer pelo preconceito. Vejam, senhores! Uso esse boné para esconder, como vocês podem ver, senhores, meu coro cabeludo está todo escamado e meus cabelos caindo, senhores, eles caem na mão! Qualquer ajuda será bem vinda, eu já consegui quarenta e dois reais mas a passagem está setenta. Agradeço pela atenção dos senhores. tenham uma boa noite!
- Venha cá, descemos na estação Tiête e eu compro a passagem pra você! Não tenho dinheiro aqui, então passo o meu cartão.
- Mas eu preciso pegar a minha mochila no albergue, Senhora.
- Compramos para mais tarde, assim você pode ir e voltar sem problemas, a Tiête já é a próxima.
- Muito obrigada, senhora.

- Pronto, vamos até o guichê!
- Sim, senhora.
- Mas olhe pra mim...
- Sim, senhora.
- Vou passar no cartão de crédito, eu quero te ajudar, mesmo não tendo esse dinheiro, quero que esteja do lado da sua família, eles devem estar sentindo sua falta. Não está mentindo pra mim, está?
- Estou. Sim, senhora!
- Poxa...
- Olha, senhora, eu não iria fazer isso com a senhora. Vou falar uma coisa que nunca disse a ninguém, já fui pego por furto, senhora. Sou dependente químico.
- Rapaz, faz isso não! Ou faça... Mas pense bem! Não fará isso comigo mas fez com todos aqueles que lhe deram qualquer coisa que talvez também nem tivessem. Não se entregue, tão ruim se perder pela droga, tu é saudável, pode gastar teu tempo com tanta coisa diferente, não deixe isso te destruir. Vi meu amigo se matando aos poucos por causa de cocaína. O que o senhor usa?
- Cocaína, senhora.
- Procure uma ajuda, cuide de você.
- Sim, senhora, eu vou procurar sim. Muito obrigada, senhora, vou pensar em tudo que a senhora me falou. Vai pra tua casa senhora, me desculpe!

  
Então ele correu e eu fiquei ali parada. Ele correu como quem corria da morte, ele correu como quem está na abstinência e corre para mata-la. Ele correu com os olhos cheios d'água, correu com os mesmo olhos mirando o nada que antes miravam meus olhos sedentos por sinceridade. Os olhos que traziam o peso de toda a incompreensão e falta de atenção que o mundo pode ter, os olhos que não fitavam ninguém no discurso que houvera decorado, pois esses olhos não saberiam ser nada além de sinceros quando olham no fundo de outros olhos. Eu corri dentro daqueles olhos com ele ali parado, como quem corre da morte, como que está na abstinência e corre para mata-la. Então, como uma viciada, fiquei inerte, sentindo a droga fazer efeito dentro de mim, a sinceridade daquele homem me percorria as veias e penetrava cada célula. E um estímulo externo me fez enxerga o mundo de outra maneira, um preto e branco, sem vida, que coloria-se aos poucos. Então, ele fez-se mais importante naqueles dez minutos do que pessoas que passam anos ao meu redor. Foram dez minutos de nirvana. A eternidade fez morada em dez minutos de amor: sinceridade, respeito, entrega, compaixão, companheirismo. E hoje, corro ainda parada, buscando como viciada a sinceridade que provei nesse encontro que não foi em vão.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Tudo um bando de puta!

- Acha mesmo?
- Sim, um bando de puta que vende o corpo e o tempo precioso de vida por uns trocados!
- Mas ela não tem cara de puta, nem ele de puto, aquela tá velha demais...
- Tudo um bando de puta! Puta, putinho e putona!
- Hahahaha... Tu tá agressiva!
- Depois que parei com essa vida, as pessoas tem medo de mim!
- Eu não tenho.
- Tu é puta e sabe disso, por isso não tem. Já o bando, toma no cu e nem tá sabendo!
- Pelo menos ganhamos dinheiro.
- Tá vendo? PUTAAAAAA! Hahahahaha...
- Queria eu gozar dessa sua liberdade ai!
- Largue essa vida e ver ser feliz comigo, vem?
- Eu, hein? E que estabilidade eu vou ter nessa sua vida?
- Na liberdade a gente não para para estabilizar, é um vôo continuo, vem?
- Desce pro chão, passarinha!
- Vemmmmm?
- Tu tá é desvalorizando o seu trabalho!
- Quem tá desvalorizando o seu trabalho é tu! Tu realmente acha que a única coisa que pode fazer o teu trabalho é o dinheiro? Assim, só vai conseguir voar de avião. E digo mais, se vende sem gozar em liberdade! O dia que resolver relaxar, vai descobrir que é frígida.
- Hahahaha... Gozar em liberdade, é?
- Sim! Como, quando e onde quiser, sem esperar nada em troca e, dai então, ser presenteado diariamente, pois quando nada se espera, tudo enche de alegria e felicidade para manter o vôo estável. Entendeu, Sra. Estabilidade?
- E como faz para voar nessa altura?
- Larga teu trabalho, diz que a partir de hoje você só trabalha pelo preço que puderem pagar. Isso incluí: fotografias antigas, plantas, flores, pães, clips, abraços, LP's... e até dinheiro!
- Ahhhh... Tá! E tu vai me pagar quanto?
- Mil toneladas de amor.
- Vai me enricar, é?
- Tu já nasceu rico, só não percebeu isso.

(A Puta voltou ao trabalho e a Vadia continuou a ser presenteada com dinheiro, flores e bons livros, tendo tempo para apreciar todas essas coisas, gozando em plena liberdade!)

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Volta, Sanfoninha?

Sanfoninha choradeira, hoje eu choro por ocê!
Sanfoninha companheira, o que é que eu vou fazê?
Se era ocê que ouvia meu pranto,
se era ocê que afinava meu canto!

Sanfoninha choradeira, corto a mão do cabra que roubo ocê de mim,
que é pra vê se não deixa mais ninguém tão triste assim.
Tu trazia um copo d'água sempre que eu tinha sede,
tu molhou com chuva de notas a seca que o coração teve.

Ai! Sanfoninha!
Quem vai acaba com a tristeza minha?
Sanfona que caia na choradeira,
volta logo e para de brincadeira.

Ai! Safoninha!
Quem te roubou de mim, coração não tinha!
Sanfona que fazia sorri se pondo a chora,
sem teu fole, já não consigo mais respira.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Greve

Estou de greve. De greve contra gente hipócrita!
Sim, sim! Pelo aumento de salário dos metroviários e contra a hipocrisia.

Ouvi gente reclamando: "Podem sim fazer greve, mas que essa greve não reflita nos outros!". Afinal, depois de três dias sem trabalhar, o patrão desconta, temos mil contas a pagar.
Dai eu resolvi me revoltar, sim, com a hipocrisia de um sistema que culpa tudo e todos e ainda convence-os de que estão errados.

Ninguém está sentindo o cheiro da podridão?
Ninguém está entendendo que o dia em que a Terra vai parar está mais próximo que nunca?

Respira fundo, tu é dono da tua vida e só concorda com o que acha que deve concordar.
Podia ser mais simples se não tivesse estudado, se formado, entrado numa faculdade e começado a trabalhar, mas, infelizmente, o Estado é esperto e recruta seus soldados antes que suas mães os desmamem. Mas nunca é tarde para uma tomada de consciência e a greve que te fará deixar esse trabalho infeliz de ir contra o que você sempre quis ser para servir um sistema que lhe mata aos poucos ao invés de ser feliz.

Portanto, deixo a sugestão, antes de reclamar do trânsito, do metrô, do trabalho, da falta de felicidade em sua própria vida, da não existência do amor em SP: silencie. Adere essa greve, sente só o cheiro de flores que tem aqui! Adere essa greve e seja exatamente a mudança que você gostaria de ver.

terça-feira, 3 de junho de 2014

Eu e minha mania de você

É que tudo que me agua a boca eu faço questão de comer, como tudo e não deixo sobrar pedaço.
Olhos, bocas, nariz. Como com as mãos mesmo. Como até não aguentar mais.

Eu e essa mania de você ainda me faz perder a razão,
eu e essa mania de você me faz te confundir com pão,
eu e essa mania de você que não aceita não.

Te aperto, amasso, até que asso.
Te tiro os miolos, te faço pensar com coração e te molho no molho do macarrão.

É que essa mania de você me faz rimar comida com sentimento.
Você, pão, eu. Seja qual for o pra to do dia, que não nos falte amor na mesa.

domingo, 1 de junho de 2014

Só você

Você que é o que não sou,
você que esquenta os meus pés nos teus,
você que não é meu.

Você que sou eu,
você que de tão junto confunde o pé com o meu,
você que nem teu é.

Você que sempre ama e nunca amou,
você que ainda não chegou,
você, tão só você, eu, tão só eu.


segunda-feira, 26 de maio de 2014

O Brasil já está goleando nessa copa!

  Greves, manifestações, política sendo discutida na hora do almoço. É gol do povo brasileiro.
  Esse ano a atmosfera que permeia as ruas e casas que se preparam para copa estão bem diferentes das copas que já presenciei. Nenhuma criança bateu em minha porta pedindo um trocado para a tinta que vai usar decorando as ruas, mal sê vê o verde e amarelo que costumava ter, o “Vai Brasil!” foi substituído pelo #nãovaitercopa, os comerciais na TV mostrando um povo entusiasmado e feliz torcendo pelo seu país não conseguem convencer.
   Com um orçamento de quase 9 bilhões em estádios construídos para um único evento enquanto escolas públicas, hospitais e transportes, não tem estrutura para atender sequer a população, fica difícil nos convencer de que essa é uma ótima oportunidade de celebração, pois assim como essas instituições públicas, quando o mês da copa passar, tudo ficará a esmo.
  Parece que dessa vez a política do pão e circo não funcionou. O gigante que acordou e voltou a dormir foi cutucado mais uma vez e está bravo com a situação! A TV que havia deixado ligada vai televisionar a Copa, está na hora de ele decidir se vai atrás de quem o cutucou ou se espera para gritar junto na hora do gol.
   Brasil, sempre torci por ti, gigante pela própria natureza, pelas maravilhas que comporta dentro de suas fronteiras, pela abundância que oferece para quem daqui não sai e pelos que por aqui estão de passagem, pela cultura riquíssima, do coco nordestino ao chimarrão sulista. Deixo meu sincero desejo de que, nessa copa, sejamos tocados pela consciência de que não se faz copa sem estádios mas vencemos uma visão materialista e desumana lutando por mais saúde, transporte e educação.
   Nessa copa, quem entra em jogo é a população. Já estou preparando as chuteiras para acertar o gol!

sexta-feira, 23 de maio de 2014

A perfeição do imperfeito

Errava. Dizia coisas que voltava atrás. Não se arrependia, mas confessava o próprio erro.
Pegava o caminho errado e só percebia no meio do caminho.
Caminhava sem olhar pra frente e quase sempre tropeçava.
Se atrasava pois não apertava o passo por preocupação.
Fora despedido por conta de seus atrasos.
Não comia as mesmas comidas, não bebia as mesmas bebidas, não fazia a mesma oração.
As vezes usava a mente e as vezes o coração.
Tinha pé feio e orelhas de abano.
Não comprava roupas a mais de um ano.
Sempre esquecia de lavar a roupa e só percebia quando não tinha mais roupas limpas para usar.
O tempo de lavar roupas usou lendo os livros que lhe roubavam sorrisos.
Gastou o dinheiro das roupas novas que compraria com flores para enfeitar a casa.
Seus olhos brilhavam um brilho bonito e suas mãos tinham um toque gentil.
Nunca deixava a razão ultrapassar o amor que sentia.
Repartia sua comida, repartia a sua bebida, orava por todos.
Quando fora demitido, não teve mais motivos para se atrasar.
Caminhava sem ter de se preocupar num lugar para chegar.
Se perdia olhando as pessoas e flores que encontrava pelo caminho.
Quando não sabia onde estava, não importava, cruzava a rua, voltava pelo mesmo caminho mas pelo outro lado. Feliz com o novo que viria!
Por não se arrepender, compreendia que nada era errado se com o erro se aprendia. E dentro de sua imperfeição, aprendeu a ser perfeito, do seu próprio jeito, mas ninguém entendia.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Da escravidão que ainda vivemos!

  Você acorda, quer passar um café. Você está atrasado, vai trabalhar com fome. Você vai trabalhar e deixa o  filho na escola, queria aproveitar o dia com ele mas tem medo de perder o salário. Não teve tempo para cozinhar seu almoço, vai no bar e compra um almoço feito com a amargura de mais um assalariado. O garçom te atende mal pois queria mesmo viajar, mas tem de fazer faculdade, sem diploma não dá. Não conheceu Machu Picchu, mas talvez, em um ano ele faça isso, talvez em 3. Mas talvez. Você come sua comida amargurada enquanto sua coluna dói por manter-se sentada em todas as horas trabalhadas. Seu filho chora, colo de mãe não se encontra na escola. Chegando em casa, repara na febre do filho quente, queria poder faltar, mas é mais fácil e menos arriscado amenizar a febre e dar lucro as industrias farmacêuticas, agora e quando essa febre reprimida resolver voltar. Dormiu tarde com a doença do filho, atrasou de novo e não passou o café. No caminho do trabalho, dentro do carro , importante para te transportar nos dias de greves e que ainda não terminou de pagar as parcelas do financiamento, pensa na segurança que o dinheiro consegue lhe dar, olha para o lado e é surpreendida com um tiro de revolver de quem dinheiro não tinha e resolveu lhe assaltar. Segurança que acorrenta no lugar de libertar. Estamos em busca de um porto seguro onde ninguém consegue amarrar o barco. É nadar para morrer na praia. Não há tempo para abraços, não há tempo para cuidar, não há tempo para amar ou pedir perdão. Hoje, tempo é dinheiro e o dinheiro é o senhor da nossa escravidão. O filho agora é febre pela falta da mãe, o cozinheiro continua a amargurar os alimentos, o garçom ainda não foi viajar, o assaltante, que nunca houvera matado, ajoelhou e se pôs a chorar. Todos acorrentados pela mesma escravidão!


domingo, 11 de maio de 2014

Geni é mamãe!

Ela que deitara os corpos em todas as camas, ela que amara a todos como ninguém sabia amar.
Geni estava prenha e todos eram o pai. Mas para Geni pouco importava, se sabia amar aqueles que lhe invadiam o ventre, como não amar o fruto que o próprio ventre gerou?

"Geni não serve para mãe, Geni não é moça de família!"
"Geni não serve para mãe, mãe que é mãe, sabe quem é o pai."
"Ponha-te em teu lugar, Geni, o que vai falar para essa criança?"
"Onde vai criar esse bebe? Vai nina-lo com canções de cabaré?"

O que ninguém sabia e Geni não fazia questão de esclarecer é que não lhe interessava o que pensassem mas sim o filho que viria a nascer. O mundo emudeceu, o amor de mãe que lhe preenchia transformava em flores todas aquelas palavras recheadas de pura inveja e hipocrisia. Amélia morreu e o Malandro ficou de queixo caído, Geni é que era mulher de verdade. A mulher da verdade escancarada na cara, verdade que servia de balança para medir o tamanho do julgamento de quem media o tamanho da barriga que não cabia em suas roupas curtas. Toda nua era Geni, nua de roupas e nua de si.

Pois o bebe nasceu! Com as flores de hipocrisia que Geni colheu ela fez um manto e o aqueceu. Seu nome é Jesus, hoje ele cuida da mãe que sempre o cuidou. Jesus é feliz e um abraço apertado Geni ganhou.

Deixo aqui um sincero apelo para que todas as mulheres se libertem da pressão ignorante, machista e repressora que a sociedade nos impõe disfarçada em seus preconceitos e padrões, não é preciso dar a luz para aprender a iluminar e é permissível se iluminar só depois de dar a luz!

https://www.youtube.com/watch?v=tLywZDycIzQ

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Gana


Eu te queria tanto, era um desejo louco de você.
E o fim pra mim não era nem o começo, o fim não poderia ser.
Vontade doida de te ter!

E nada mais me fazia feliz se não o tempo ao teu lado.
Tudo que me rodeava só fazia lembrar de você.
Não passava por nada esse querer!

Dai não tinha mais você, nunca teve e nem vai ter.
Só então eu me lembrei: quem tem gana fácil se engana e se perde no querer!
Me esqueci do que eu era achando que só ao teu lado eu poderia ser.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

POW



Meu ego explodiu!
     POW! POW! POW!

Pedaços do que eu nunca fui voaram por todos os lados! Agora, nada sou.
Estou, tudo estou. Sem pedaços, apenas voando por todos os lados!

Meu ego se ofendeu, inflou até que explodiu.
Finalmente me libertei do que era eu.
Hoje posso ser tudo que couber no vazio que meu ego deixou.

     POW! POW! POW!
















(Agora sobrou o silêncio. Silêncio que a explosão do ego deixou)


















terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Você vai morrer!

É inevitável e a única saída é tomar consciência do presente que é a vida! Então, deixe pra lá essa história de adiar algumas horas, apenas um dia. Planejar um amor é loucura, conviver com aquilo que não lhe faz bem esperando o dia de ser feliz é auto sabotar. O real perigo é viver morrendo todos os dias, assassinando seus sonhos mais bonitos e sorrisos sinceros. A morte só é ruim quando mata o presente na esperança de que o futuro trará vida. Entenda: os mortos já não sentem mais os cheiros das flores, o calor das mãos ou um beijo na testa. Quem pensa muito no amanhã, não percebe o hoje que já passou, ficou pra ontem! Sonhos, sorrisos, flores, mãos, beijos na testa, já não podem mais ser. Depois de presos num caixão, já não são. Agora que sabe que você vai morrer, não acha mais sensato viver? Assim, nós choraremos pela saudades de tudo que você foi e não pela vontade de ver você sendo o que sempre quis ter. Nós nunca tivemos todo o tempo do mundo e nunca vamos ter. Se for para se conformar de algo, conforme-se da morte e não da vida que não conseguiu viver.


segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Não ame!

Eu li nos jornais, estava nos noticiários da televisão e nas bocas do povo.

Se ama, se esconda. Se te encontrarem amando, pode ser deportado para o paraíso ou morrer de amor. Amar ficou bem mais polêmico do que tirroteio em creche, idosas sendo mal tratadas, gente assassinada a pontapé. Evite contatos de carinho, mãos dadas, abraços e beijinhos, isso pode custar sua vida. Nem pense em ser gentil, pode ser atropelado por um carro de vidro filmado. E se estiver sorrindo demais, atente-se, pode ser sequestrado e torturado até não se sentir mais amado, até a morte.

O mundo não está preparado para receber o amor de braços abertos. O mundo está com os braços amarrados em um poste, sentindo frio com o corpo nu, o mundo só está conseguindo sentir raiva, queimando tudo que lhe convém, dando socos sem se importar com o alvo.

Mas é claro que provida de amor, usei a irônia como arma nesse texto. Pois se amor virou crime, só pode ser um crime perfeito e autora de um crime perfeito, fico em paz, pois crimes perfeitos não deixam suspeitos. Mas como cartas mascaradas em forma de músicas, como recados dados por terceiros pois segundos não desfrutam de liberdade, como as saudades que nos mantém vivos em tempos de guerra, com esse texto talvez eu corra algum risco, pois aqui, vos suplico: AMEM! De contra tudo e todos, amém! E se alguém lhes procurar dizendo que está condenado, diga que fui eu quem a induzi, que só aceitou por que tinha fome de amar, se não acreditarem e nos condenarem por formação de quadrilha, se acalma, pois nosso crime compensa e, pra quem ama, ser preso por amor é a maior forma de libertação!
























CLACK BUM!    
Dei um tiro de liberdade.   

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Eu quero encher sua boca!

Enquanto olha nos meus olhos, eu quero encher sua boca!
Muito mais do que um simples desejo, muito mais do que qualquer vontade.


Então,
tudo fará sentido,
vou encher sua boca de silêncio.
Todas as suas perguntas serão respondidas.
O barulho vai cessar.


Eu te amo de boca cheia, mente vazia e coração aberto, amo você mesmo que teus olhos não estejam a me olhar de perto.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Sou Ar!

E feito ar, me ponho a voar! E é no espaço éter do universo que só me encontro ao me perder.
Já tentei ser passarinho, mas todos querem me dar morada. Minha única casa é a liberdade, nas grades do apego não consigo ficar.
Voltei a ser ar. Voei mais alto do que minhas asas podiam antes alcançar.
E como ar aprendi a acariciar o rosto de meu amado, mesmo sem ser abraçada de volta, vou quando aceitei que amar e também ser amado que me vi brisa, que refresca com seu vento gelado e se esquenta com o calor que encontrou.
Aprendi a amar, dai voei o mais alto que quis voar.
Sim, sou ar, na terra, movendo montanhas de lugar, no mar, fazendo a onda voltar, no fogo, alimentando para me alimentar, mas sempre no espaço, para aprender a me respeitar.


quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Muito além das palavras

Eram apenas palavras, até que eu decidi escrever.
Eram apenas palavras, mas juntei da forma com quis para significar o que eu sentia.

Pronto. Deixaram de ser palavras para se tornarem um pedaço do que eu acreditava!
E meus textos nada seriam se no fundo de cada um deles não tivesse eu, tão nua e crua como um bebê que acaba de nascer.

Se minhas palavras não tivessem intenção nenhuma de mostrar aquilo que sinto ou quero dizer, não daria a elas o trabalho de saírem do sossego de meus pensamentos.

Agora entenda, minhas palavras só continuarão tendo o real peso de minhas palavras, se esquecer de ti quando começar a ler.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Espera...

É cedo demais ao mesmo tempo que está tarde o suficiente para eu me ver cansada de esperar.
Mesmo tarde, não deixa de ser cedo pra que o alívio desse cansaço me cause estranheza.
Acontece que quando se acostuma a procurar as coisas na escuridão, a luz pode confundir aquilo que acreditávamos enxergar!

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Sol

O sol, cheio de luz, mantem planetas respirando.
O sol que se vê ao longe e merece ser contemplado.
O sol que traz esperança a cada dia.
O sol que sabe que toda humanidade depende dele.
O sol e o peso de sua responsabilidade.
O sol que aprendeu a renascer e dar espaço para que a lua também brilhasse.

Sol, uma bola de vida que mata sem piedade aquele que chega perto demais!