sexta-feira, 23 de maio de 2014

A perfeição do imperfeito

Errava. Dizia coisas que voltava atrás. Não se arrependia, mas confessava o próprio erro.
Pegava o caminho errado e só percebia no meio do caminho.
Caminhava sem olhar pra frente e quase sempre tropeçava.
Se atrasava pois não apertava o passo por preocupação.
Fora despedido por conta de seus atrasos.
Não comia as mesmas comidas, não bebia as mesmas bebidas, não fazia a mesma oração.
As vezes usava a mente e as vezes o coração.
Tinha pé feio e orelhas de abano.
Não comprava roupas a mais de um ano.
Sempre esquecia de lavar a roupa e só percebia quando não tinha mais roupas limpas para usar.
O tempo de lavar roupas usou lendo os livros que lhe roubavam sorrisos.
Gastou o dinheiro das roupas novas que compraria com flores para enfeitar a casa.
Seus olhos brilhavam um brilho bonito e suas mãos tinham um toque gentil.
Nunca deixava a razão ultrapassar o amor que sentia.
Repartia sua comida, repartia a sua bebida, orava por todos.
Quando fora demitido, não teve mais motivos para se atrasar.
Caminhava sem ter de se preocupar num lugar para chegar.
Se perdia olhando as pessoas e flores que encontrava pelo caminho.
Quando não sabia onde estava, não importava, cruzava a rua, voltava pelo mesmo caminho mas pelo outro lado. Feliz com o novo que viria!
Por não se arrepender, compreendia que nada era errado se com o erro se aprendia. E dentro de sua imperfeição, aprendeu a ser perfeito, do seu próprio jeito, mas ninguém entendia.

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