quinta-feira, 22 de maio de 2014

Da escravidão que ainda vivemos!

  Você acorda, quer passar um café. Você está atrasado, vai trabalhar com fome. Você vai trabalhar e deixa o  filho na escola, queria aproveitar o dia com ele mas tem medo de perder o salário. Não teve tempo para cozinhar seu almoço, vai no bar e compra um almoço feito com a amargura de mais um assalariado. O garçom te atende mal pois queria mesmo viajar, mas tem de fazer faculdade, sem diploma não dá. Não conheceu Machu Picchu, mas talvez, em um ano ele faça isso, talvez em 3. Mas talvez. Você come sua comida amargurada enquanto sua coluna dói por manter-se sentada em todas as horas trabalhadas. Seu filho chora, colo de mãe não se encontra na escola. Chegando em casa, repara na febre do filho quente, queria poder faltar, mas é mais fácil e menos arriscado amenizar a febre e dar lucro as industrias farmacêuticas, agora e quando essa febre reprimida resolver voltar. Dormiu tarde com a doença do filho, atrasou de novo e não passou o café. No caminho do trabalho, dentro do carro , importante para te transportar nos dias de greves e que ainda não terminou de pagar as parcelas do financiamento, pensa na segurança que o dinheiro consegue lhe dar, olha para o lado e é surpreendida com um tiro de revolver de quem dinheiro não tinha e resolveu lhe assaltar. Segurança que acorrenta no lugar de libertar. Estamos em busca de um porto seguro onde ninguém consegue amarrar o barco. É nadar para morrer na praia. Não há tempo para abraços, não há tempo para cuidar, não há tempo para amar ou pedir perdão. Hoje, tempo é dinheiro e o dinheiro é o senhor da nossa escravidão. O filho agora é febre pela falta da mãe, o cozinheiro continua a amargurar os alimentos, o garçom ainda não foi viajar, o assaltante, que nunca houvera matado, ajoelhou e se pôs a chorar. Todos acorrentados pela mesma escravidão!


6 comentários:

  1. E ainda acreditamos que somos livres... ótimo texto!

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  2. Uauuu!!! Essa arrepiou Rafa!! Realidade que dói ... faço meu o seu desabafo... que triste! Gratidào minha amiga .

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    1. GRATIDÃO, Claudinha, estamos caminhando para essa libertação!

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