segunda-feira, 27 de julho de 2015

Coragem que eu sei que você pode mais!


Ela caiu numa viela e ralou o calcanhar.
Ela teve que mudar de bairro, escola e religião.
Ela teve que contar dinheiro pro pão.
Seu melhor amigo viajou, a melhor amiga mesmo perto se distanciou.
Ela continuou a caminhar e dessa vez caiu e ralou o joelho.
Pegou a bicicleta, o pneu estava solto.
Aprendeu a dirigir, a calota soltou no meio da estrada.
Se apaixonou, teve o coração partido.
Casou, depois de um mês se separou!
Abriu uma firma, o dinheiro não entrava, entrou em falência!
Seria tudo muito trágico não fosse por uma coisa.
A moça tinha coragem e aprendeu a transformar drama em poesia,
a cada surpresa que a vida trazia ao invés de se indignar ela em resposta sorria.
"Coragem, coragem, se o que você quer é aquilo que pensa e faz!
Coragem, coragem, eu sei que você pode mais!"
E de fato, ela podia, tanto podia que sorrindo a vida seguia.
É que seu calcanhar e joelhos ralados, já não ralavam mais em qualquer tombo.
O novo bairro, a nova escola e a nova religião,
trouxeram mais paz no coração.
O melhor amigo um dia voltou, a amiga distanciada, era mais feliz aonde estava.
A bicicleta já foi arrumada, o pneu tem seu charme negro sem a calota.
A ilusão passa, as memórias de uma bela paixão, alimentam outras que virão.
Depois de viver junto, sentiu a plenitude em estar só.
A firma que entrou em falência, deu vida para a moça viver.
Seria muito cômico se não fosse por uma coisa!
A moça tinha amor e aprendeu a aceitar a dor como parte da vida,
a cada incomodo que sente, olha ao redor para enxergar uma saída.
Pois apesar de saber que é sempre mais fácil achar que a culpa é do outro,
não consegue convencer as paredes do quarto para dormir tranquila,
 sabendo no fundo do peito que não era nada daquilo.
Sua coragem e seu amor lhe presenteiam diariamente com a dor e a delícia de poder ser exatamente o que se é. Que baita responsabilidade, não?
De mãos dadas com suas dores e alegrias, seguia assim a vida, com amor e coragem, esvaziando e preenchendo, deixando pra lá essa coisas de desistir de si por qualquer bobagem.
Por que se malandro soubesse o quanto é bom ser honesto, seria honesto só por malandragem!
Ai, ai... Caramba!



Nenhum comentário:

Postar um comentário